Contra o Ceará

MPCE propõe Ação Civil Pública contra o Estado do Ceará para garantir mais delegados para a Região Centro-Sul

     O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), através do Núcleo de Tutela Coletiva (NTC) da 2ª Região, propôs, nesta terça-feira (29), Ação Civil Pública (ACP) contra o Estado do Ceará. Nela, são requeridas, entre outras coisas, a nomeação e posse de mais dois delegados de polícia, bem como de 12 inspetores e seis escrivães para trabalharem na Delegacia Regional de Iguatu. O equipamento, que atua junto a oito cidades da Região Centro-Sul, se encontra sobrecarregado, pois têm abrangido todas as ocorrências registradas em outras cinco cidades diante da inexistência de Delegacias Municipais em Antonina do Norte, Cariús e Quixelô e da falta de delegados nas Delegacias Municipais de Jucás e Saboeiro.
     De acordo com o coordenador do NTC da 2ª Região, promotor de Justiça, o único delegado de polícia designado para o município de Iguatu tem atuado, ao todo, em seis cidades, o que prejudica demais a realização de um trabalho eficiente. “É inadmissível que o Estado feche os olhos para essa situação”, indigna-se.
     Ele explica que a Delegacia Regional de Iguatu deveria servir de apoio a investigações mais complexas e que repercutem em toda a região, como de casos de tráfico de drogas, por exemplo, mas que, atualmente, são presididos no local inquéritos de toda natureza, inclusive de casos de menor gravidade. “Além disso, o equipamento de segurança pública funciona sem estrutura adequada”, acrescenta.
     “A conduta ilícita do Estado-réu, impedindo o funcionamento adequado do serviço público da Polícia Civil, causa prejuízos irreparáveis à segurança pública, que é o bem jurídico que se pretende tutelar na presente Ação Civil Pública”, conclui o promotor.

Acrisio volta pra Camara

Em carta, Acrísio comunica desligamento, elogia governador e se diz "à disposição de Camilo"

Através de carta, vereador licenciado Acrísio Sena (PT) comunicou formalmente a Camilo Santana seu desligamento da equipe de governo, onde estava à frente da Assessoria Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais, nos últimos nove meses. Ele retornou à Câmara para cumprir o prazo legal exigido para novamente disputar uma vaga para o parlamento municipal.
No documento - reproduzido abaixo na íntegra - Acrísio elogiou a "disposição ao diálogo do governador com os diversos segmentos dos movimentos sociais", reafirmou sua gratidão pessoal a Camilo, o qual chamou de "amigo e companheiro de partido" e reafirmou seu compromisso político com o Palácio da Abolição: "mesmo um pouco mais à distância, estarei a postos para defender os interesses maiores do Estado", declarou


TEXTO DA CARTA NA ÍNTEGRA:

Exmo Sr. Governador do Estado do Ceará Camilo Santana,


Apresento, neste momento, o meu desligamento formal da equipe do governo do Estado, da qual fiz parte, orgulhosamente, durante os últimos nove meses.
Nesse tempo no qual dediquei meus esforços à Assessoria Especial de Acolhimento aos Movimentos Sociais, fui testemunha da imensa disposição ao diálogo do Sr. Governador, sua vocação para o debate democrático e da sua grande capacidade de articular soluções viáveis para as mais diferentes representações sociais que solicitaram todo tipo de reivindicações ao Palácio da Abolição, como forma de fortalecer suas lutas.
Dentre elas destaco os movimentos sociais que militam na área da terra, agricultura familiar, economia solidária, atingidos por barragens, mulheres, juventude, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, pesca artesanal, além dos diversos sindicatos ligados à educação, saúde, transporte e segurança pública, dentre outros.
O meu compromisso com o povo de Fortaleza me faz retornar à Câmara Municipal, a partir do dia 1º de abril de 2016, para poder disputar novamente uma vaga naquela Casa.
Porém, Governador Camilo, meu amigo e companheiro de partido, fique ciente da minha gratidão e do meu compromisso político com os objetivos da sua gestão. Mesmo um pouco mais à distância, estarei a postos para defender os interesses maiores do Estado, sempre em consonância com os anseios dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Acrísio Sena

Convite


Em Acarau


Campanha Ceará sem Drogas mobiliza a cidade de Acaraú

Cerca de quatro mil jovens, moradores e lideranças políticas da região de Acaraú participaram, nesta quinta-feira (31/03), da 10ª edição da campanha Ceará sem Drogas. A iniciativa, idealizada pelo presidente da Assembleia, deputado Zezinho Albuquerque (PDT), busca conscientizar jovens cearenses sobre os malefícios do uso de entorpecentes. O evento foi realizado na quadra esportiva do Colégio Virgem Poderosa.

Nesta sexta-feira (1º/04), a campanha chegará à cidade de Crateús em evento semelhante, a partir das 9h30.

Zezinho Albuquerque agradeceu a receptividade da população de Acaraú e alertou para os riscos da dependência química. Ele solicitou que os presentes compartilhem com os demais conhecidos as discussões realizadas no debate. “Que cada um que está aqui se torne um membro em defesa do projeto Ceará sem Drogas. É importante juntarmos nossas forças para dizer não às drogas e não à dependência química”, afirmou.

O presidente da Assembleia também ressaltou a diminuição nos índices de criminalidade no Ceará nos últimos anos, o que, na avaliação dele, é resultado dos esforços do Governo do Estado, Poder Legislativo, Tribunal de Justiça, prefeitos, promotores, professores e sociedade em geral.

O comentarista esportivo e ex-jogador Walter Casagrande contou, em palestra conduzida pelo jornalista Fábio Pizzato, a experiência dele com as drogas. Segundo o atleta, a curiosidade e a vontade de se diferenciar das demais pessoas o levaram a experimentar os entorpecentes.

Na avaliação de Casagrande, a dependência química deve ser tratada como uma doença. Ele enfatizou a importância da família para superar o problema. Toda a experiência também é relatada no livro "Casagrande e seus Demônios".
O prefeito de Acaraú, Alexandre Ferreira Gomes, afirmou que a campanha Ceará sem Drogas vem reforçar o trabalho do município no combate aos entorpecentes.

A dona de casa Maria Filomena, 40 anos, comentou que há um crescimento no envolvimento de jovens com drogas no município. “Acho importante ter essa discussão. É a primeira vez que tem um evento desse porte”, avaliou. Já o estudante Herbeton Rodrigues, 14 anos, disse que há pouca discussão sobre o assunto nas escolas. Ele também ressaltou que a presença de Casagrande é uma motivação a mais para prestigiar o evento.

Na oportunidade, houve ainda a posse dos membros do Conselho de Combate às Drogas do Município.

A campanha tem promovido contato direto com a juventude cearense desde 2014. Ao todo, até agora, já foram realizados nove encontros em todo o Estado. Os municípios de Limoeiro do Norte, Sobral, Crato, Viçosa do Ceará, Campos Sales, Aquiraz, Nova Russas e Fortaleza (duas vezes) já sediaram o evento.

Também participaram do encontro o deputado Manoel Duca (PDT); a secretária executiva de Políticas Públicas sobre Drogas do Estado do Ceará, Aline Bezerra; o presidente da Câmara Municipal de Acaraú, Claudemir Silveira; a promotora de Acaraú, Cibelle Nunes; o defensor público de Acaraú, Martônio Brandão; o prefeito de Bela Cruz, Carlos Antônio, além de vereadores e secretários municipais.

Foto: Edson Junior Pio

Capa do jornal O Estado(CE)


Coluna do blog



A desconfiança
Ficamos cá nós nessa masturbação mental pensando em como chegar ao trabalho, saindo de casa e em casa voltando do trabalho com a dimensão da insegurança que nos cerca. Outro dia mesmo, um militar conhecedor das coisas da segurança, principalmente das daqui  disse: Nosso policial está chegando pra socorrer a ocorrência. Faz tempo não prevenimos. Essa conversa está no ar porque esse é um drama universal. Na semana passada, passados 4 meses dos atentados de Paris, os jiradistas explodiram bombas e mataram pessoas. E pelo visto vão continuar matando. Porém, espere aí; a grande discussão do momento tem por base o fato de que a Bélgica sabia que um atentado estava sendo preparado em seu território. No caso de Paris, os serviços de inteligência franceses sabiam que os caras estavam aprontando uma, no vizinho, Istoé, na Bélgica. Agora, depois das portas arrombadas e de famílias dizimadas pela dor, a Europa fala em união. Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Reino Unidos, todos falam numa união para troca de informações e experiências e assim combater o terrorismo que mostrou força e organização e, pior; fez antecipação de seus intentos às defesas que poderiam advir de um ou outro vazamento. É isso que está nas TVs, nos jornais, nas rádios europeias. Cada um cuidando do seu umbigo mas sem força pra retrucar não só as ameaças como as próprias agressões. Chegaram aos caras que se mataram matando os outros meia hora depois das bombas. E já devem saber onde estão vários outros que se armam contra a Europa e o mundo. Essa gente quer reconhecimento mundial e não duvide nada que aportem por aqui à cata de notoriedade e “apoio”. São terroristas pura e simplesmente, com foco no que chamam de Estado Islâmico e vão matar a torto e a direito se não tiverem seus calos secos extirpados pela racionalidade. São violentos e, às vezes, da a impressão de que a humanidade não deu certo.

A frase: “No Brasil de hoje o cidadão tem medo do futuro e os políticos têm medo do passado”. Chico Anísio. Sabe quem foi?


Li no Serpa(Nota da foto)
Foi dito que o Brasil está levando uma goleada do Peru e do Chile, países que, embora tendo uma área muito menor do que a brasileira, exportam muito mais em frutas. O Peru exporta US$ 2,4 em mamão, abacate e banana. O Chile exporta mais de US$ 4 bilhões em maçã, pera e e pêssego, entre outras frutas de clima temperado.Mas é preciso atentar para um detalhe: o Brasil tem 202 milhões e consumidores, razão pela qual o mercado interno brasileiro absorve quase toda a fruta que o País produz. No Ceará, há exemplos, 80% da produção de banana prata são destinados ao consumo interno brasileiro. Produtor de melão, só exporta 15% de sua produção, pois os 85% restantes são consumidos aqui mesmo no Brasil.
Primeiro de abril
Vamos lembrar o grande José Saramago: “O tempo das verdades plurais acabou. Agora vivemos o tempo da mentira universal. Nunca se mentiu tanto. Vivemos na mentira todos os dias”. Uma verdade de primeiro de abril.

Em Washington
Dilma está hoje em Washington. Participa,desde ontem,  da 4ª Cúpula sobre Segurança Nuclear, realizada em Washington. Com sua saída do território nacional, é Temer que está no comando do país. Acho que devolve quando ela voltar.

Pulada de muro
A Polícia Federal marcou para o dia 7 de abril o depoimento da jornalista Mirian Dutra, que teve um relacionamento extraconjugal com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nos 1990. O depoimento será realizado em São Paulo.

Pagou passou?
Mirian Dutra afirma que FHC pagou parte de despesas dela e do filho, Tomás, no exterior, através de uma empresa que era concessionária do governo. A Polícia Federal abriu, no dia 26 de fevereiro,  inquérito para apurar as declarações de Mirian.

Crédito pela seca
A Comissão Mista de Orçamento do Congresso aprovou a Medida Provisória (MP) 715/16, que abre crédito extraordinário de R$ 316 milhões para o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Com a aprovação, a MP segue agora para análise nos plenários da Câmara e do Senado.

Garantia safra
A MP tem por objetivo beneficiar agricultores afetados pela seca. Os R$ 316 milhões terão como destino o pagamento de parcelas do programa Garantia-Safra referentes ao período 2014-2015, de forma a minimizar os efeitos da estiagem para 440 mil famílias de agricultores.

Motivos quais
Na justificativa da MP, o governo argumentou que boa parte dos municípios atendidos pela Sudene apresentou prejuízos em suas culturas. Segundo o governo, cerca de 80% dos agricultores familiares que aderiram ao programa tiveram perdas comprovadas superiores a 50% da produção.



Bom dia

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Ciro: ladrões se unem para fechar Lava Jato

E entregar o Brasil à Chevron do Cerra
publicado 30/03/2016
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De Laerte Coutinho
A partir do Viomundo;

Ciro Gomes: “Coalizão de ladrões” quer derrubar Dilma para “assaltar o poder”, “matar a Lava Jato” e adotar “agenda entreguista”

Ciro Gomes: “Coalizão de ladrões” quer derrubar Dilma para adotar “agenda entreguista”

30 de março de 2016

 por Luís Eduardo Gomes, no Sul21

Em Porto Alegre para participar do Seminário Dívida Pública, Desenvolvimento e Soberania Nacional,  promovido pelo Sindicato dos Engenheiros (Senge), na PUCRS, o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) afirmou que o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) está sendo movido por uma “coalizão de ladrões” que deseja implementar uma “agenda entreguista”, submetida a interesses internacionais.

Em entrevista concedida ao Sul21 e ao Jornal Já, Ciro Gomes afirmou que a saída do PMDB do governo federal, sacramentada em votação que durou três minutos na tarde de terça-feira (29), em Brasília, tem o objetivo de acelerar o processo de impeachment para tentar impedir que as investigações da Operação Lava Jato atinjam mais nomes da classe política brasileira.

“O doutor [Rodrigo] Janot, procurador-geral da República, está de posse de mil contas na Suíça, com US$ 800 milhões já identificados e bloqueados, com a fina flor dos políticos e dos empresários com eles conexos. Por isso que eles precisam aceleradamente [do impeachment]. Faz cinco meses que o processo de cassação do Eduardo Cunha não anda um passo sequer na Câmara e uma presidência da República da oitava economia mundial, em menos de 15 dias, pelo que nós estamos contando hoje, pode cair”, afirma Ciro.

Para o ex-governador, provável candidato a presidência da República pelo PDT em 2018, o impeachment da presidenta ainda não é inevitável, mas será preciso que o “povão acorde” e que haja uma mudança no contexto nacional para que ele seja barrado. Ciro ainda prevê que, caso se concretize a queda de Dilma, o vice-presidente Michel Temer terá muitas dificuldades para governar diante da crise econômica e política vivida pelo país.

Confira a seguir a íntegra da entrevista

Como você avalia a saída do PMDB do governo?

Ciro Gomes: Isso é a crônica de uma morte anunciada. Se não fosse uma tragédia para o país, eu seria um dos brasileiros que poderia estar dizendo, com muita moral e coerência, que eu avisei. Quantas vezes eu falei com o Lula, eu falei com a Dilma, lá na ancestralidade desse projeto, o quanto estúpido e equivocado era colocar esse lado quadrilha da política brasileira na linha de sucessão do País. Prevaleceu o pragmatismo que acabou entregando organicamente ao PMDB a resultante do poder no Brasil, sem voto. E agora eles estão percebendo que podem consumar o fato, eliminar os intermediários e assumir diretamente.

São componentes absolutamente escandalosos e enojantes. Eu não estou exagerando em nenhuma palavra, porque assistir o País ir para o risco que está correndo, para o Michel Temer, organicamente vinculado a tudo que está errado sob o ponto de vista institucional e de corrupção no Brasil – eu sei muito bem o que estou falando, é só pesquisar meu mandato de deputado federal, com ele na presidência da Câmara – e parceiro íntimo do Eduardo Cunha, que vira vice-presidente da República.

Com isso eles vão, apoiados pelo PSDB nesse instante, cumprir a segunda tarefa depois de assaltar o poder, que é matar a Lava Jato, que agora, sob o ponto de vista dos politiqueiros de Brasília, parece ter saído do controle. Só para eu lhe dar alguns dados que não saem na grande mídia porque não interessa. O doutor [Rodrigo] Janot, procurador-geral da República, está de posse de mil contas na Suíça, com US$ 800 milhões já identificados e bloqueados, com a fina flor dos políticos e dos empresários com eles conexos. Por isso que eles precisam aceleradamente [do impeachment]. Faz cinco meses que o processo de cassação do Eduardo Cunha não anda um passo sequer na Câmara e uma presidência da República da oitava economia mundial em menos de 15 dias, pelo que nós estamos contando hoje, pode cair.

O que acontece nos dias seguintes à chegada do Temer à presidência?

Ciro: O que acontece é que um governo ilegítimo se constitui. Esse governo não é gravemente negativo para o país só porque é ilegítimo e viola a democracia. Esse governo vem com uma agenda basicamente entreguista, dos últimos interesses nacionais que essa gentalha não conseguiu entregar para o estrangeiro.

Anote o que eu estou lhe dizendo: petróleo e gás. Mas também para arrebentar com o rudimento de avanço social que o país experimentou, porque eles têm uma convicção, está nos textos do Armínio Fraga, de que o salário mínimo, que é base para toda massa salarial brasileira, passou do limite, que tem que ser reduzido. Nos textos deles está lá que a política social não deve mais ser universal, e sim focada em pequenos grupos como defende o neoliberalismo mais tacanho, que inclusive está superado internacionalmente.

Enfim, é uma tragédia completa para o Brasil. O que significa dizer que, dado que esses politiqueiros não conhecem o Brasil que existe hoje, que nós dissolveremos muito rapidamente esse quase consenso que está sendo construído que é pela negação, porque a sociedade brasileira está machucada pela crise econômica e indignada com a novelização do escândalo. Mas, na hora que esse consenso negativo provocar uma ruptura imprudente da nossa tradição democrática, no dia seguinte essa energia não vai para casa. E eu estarei junto com eles tocando fogo, porque não toleraremos que o Brasil seja vendido.

O senhor já disse que será o primeiro a entrar com um pedido de impeachment do Temer se ele assumir a presidência..

Ciro : É todo um contexto. Eu não sou ninguém e há muita manipulação nesse Facebook, com perfis falsos. O que eu disse, e vou repetir, é que o impeachment é um procedimento jurídico-político. Ele não pode ser nem só político e nem só jurídico, e está escrito na Constituição que essa interrupção de um mandato de um presidente da República só se dará na condição de cometimento de crime de responsabilidade. A Dilma não foi acusada de nenhum cometimento, de nenhuma dessas figuras penais da lei de responsabilidade. O pretexto do pedido que está tramitando e pode derivar numa ruptura democrática do país é o que eles chamam de pedalada fiscal, que é um crime contábil, completamente errado, não defendo, mas que todos os governos vêm fazendo e nunca, em circunstância alguma, é crime. Entre o elenco formal da lei não é crime. Portanto você tem um golpe.

E eu disse na entrevista e vou repetir pro senhor, se foi esse o pretexto que vai levar à ruptura do Brasil e há esse risco de ninguém mais governar o nosso país pelos próximos 20 anos, eu estou comovidamente convencido disso, eu entrarei imediatamente com um pedido de impeachment baseado no fato, que eu já tenho todos os documentos, de que o Michel Temer, como vice-presidente ocupando a presidência da República, assinou dezenas de decretos de pedaladas fiscais, igualzinho a Dilma. Portanto, se valer para ela juridicamente – evidentemente que isso é só pretexto -, vai ficar a sociedade brasileira muito esclarecida de que isto também foi uma molecagem de golpe. Mas vou entrar na hora.

A partir do impeachment da Dilma e de um possível impeachment também do Temer, qual seria a solução? Novas eleições?

Ciro: Um impeachment só acontece quando há uma construção consensual. Hoje, esse consenso não existe ainda. Ele se acelerou muito por conta de você ter feito encontrar interesses internacionais poderosos, que têm uma influência importante na formação da mega mídia, especialmente de São Paulo, que se autodenomina imprensa nacional, e do Rio de Janeiro, com uma sociedade muito angustiada com a crise econômica e com a loucura da denúncia moral, que foi extremamente passionalizada com aquilo que pareceu ao povo uma jogadinha miúda, metendo o centro da República nela, que é trazer o Lula para dentro do Palácio. Eu espero que ainda dê tempo e que essa marcha da insensatez se interrompa. Não acontecendo, o próximo passo de um impeachment do Michel Temer é muito improvável, porque imediatamente ele passa a ser o representante no poder dos interesses internacionais, que hoje estão na clandestinidade, balançando as bases da democracia brasileira.

É só vocês fazerem uma pesquisa rapidinha: quais são os lugares da Geografia do mundo onde há petróleo com algum excedente e você imediatamente vai ver a mesma instabilidade que há no Brasil, até agravada. Agravada, por exemplo, como é o caso do Iraque. Agravada pelas tensões no Irã, agravada pelas tensões no Egito, pelas tensões na Líbia. É uma coisa que não é coincidência. Arábia Saudita está balançando. A Venezuela, na nossa América Latina, está completamente em frangalhos, a sua institucionalidade. Isso é um jogo bruto, não é um jogo para criança. Agora, esse interesse passa a vencer. Imediatamente a mídia correlata já está fazendo o que para qualquer brasileiro é uma coisa enojante. Um partido que está há 10 anos mamando, roubando, escandalosamente e fisiologicamente entranhado no governo, que, portanto, se tem alguma coisa boa no governo, ele pode reclamar para si também e, se tem alguma coisa completamente errada, o PMDB também é responsável por isso. Sai (do governo) e a Rede Globo faz uma novela dignificando, nobilitando o gesto do PMDB. É a novilíngua. George Orwell, no livro “1984”, escreveu sobre isso.

Ciro, você fala de entreguismo do PMDB…

Ciro: Está escrito. Leia o que eles estão chamando ridiculamente de Ponte para o Futuro.

O senhor acha que o PMDB tem condições políticas de implementá-lo?

Ciro: Nenhuma chance. É uma grande fraude. É uma grande e imensa fraude porque o Brasil hoje tá pinçado por três crises, e uma alimenta a outra, e “trocar Chico por Manel” não resolve nada. Pelo contrário, quando você excita expectativas simplórias, grosseiras, como está acontecendo hoje, em que todo o problema brasileiro seria essa novela moral, que nós vamos trocar uma pessoa que não tá acusada de nada por uma linha de sucessão que é Michel Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros – os três estão citados na Lava Jato e ela é a única que não foi citada nem é investigada em coisa nenhuma -, o que acontece no dia seguinte? Eles vão trabalhar para desarmar a Lava Jato, mas as três crises vão estar do mesmo tamanho.

Vamos lá, crise número 1: internacional. Um constrangimento, eu diria para você, paradigmático. O Brasil encerrou um ciclo, nós perdemos qualquer veleidade de ter um projeto de desenvolvimento, nisso o PT comete talvez seu maior erro. Fez um avanço, mas não institucionalizou nada, não mexeu em estrutura nenhuma do País. O resultado prático é que, quando terminar o ano de 2016, entre produtos industrializados que nós vendemos para o estrangeiro e produtos industrializados que nós compramos do estrangeiro, o buraco já está em US$ 110 bilhões. A gente vinha, até 2014, pagando este buraco com um ciclo de commodities muito caras. Então, eu estou trabalhando na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), nós vendíamos, em 2014, uma tonelada de minério de ferro por US$ 180. Chegamos a vender por US$ 40. O petróleo, quando nós comemoramos a maravilhosa descoberta do pré-sal, eu estava lá ajudando a fazer a lei de partilha, aquilo tinha e tem ainda o condão no futuro de mudar radicalmente a estrutura brasileira social, econômica e de infraestrutura, o que acontecia, o petróleo custava US$ 110. Então, a gente gasta US$ 41 para tirar um barril de petróleo, com este nível de escala hoje, e vendíamos a US$ 110. É uma fortuna. Pois bem, o petróleo custa US$ 41 para tirar e nós estamos vendendo a US$ 30. “Micou” o pré-sal. Você tem a soja, o milho, etc., que não caíram tanto, mas caíram 15%, 20% todos. Ou seja, a gente artificializou de fora para dentro uma conta macroscópica do Brasil com o estrangeiro e esse ciclo morreu e morreu para sempre – pelo menos pelas duas próximas décadas. O país está desafiado a recelebrar toda a sua matriz de desenvolvimento agora, catando outro lugar aonde assentar essa imprudência de não termos uma política industrial de comércio exterior. Então, segura a primeira crise que eu quero ver como esses golpistas vão tratar.

Segunda crise, quando você tem um desequilíbrio nas suas contas externas, você transfere para dentro do país uma variável que é a desvalorização da moeda. Eu não tenho tempo aqui, mas, basicamente, se eu tenho um buraco nas contas com o estrangeiro, a consequência prática dentro do país, a primeira, é que a moeda se desvaloriza. O real se desvaloriza perante o dólar. Isto imediatamente se irradia para os preços, todos os preços que são imediatamente sensíveis ao câmbio. Por exemplo, você compra pão, pão é trigo, o Brasil não produz trigo com suficiência, importa, é dólar. Então, se você tem uma desvalorização do real frente ao dólar, o pão fica mais caro, a pizza fica mais cara. Remédio, 75% da química fina brasileira é importada. Se você desvalorizada a moeda, o remédio fica mais caro. Passagem de ônibus, a principal variável é o diesel, diesel é petróleo, petróleo é câmbio. Então, você tem uma pressão de preços relativos que dá uma miragem de inflação. Tentaram botar desde o senhor Fernando Henrique, e o PT manteve a mesma equação, a economia num tal piloto-automático do inflation target, que aqui tomou o nome de meta da inflação. Aí você atira com taxas de juros. Você tem a maior recessão, que não é mais, é depressão econômica, da história do Brasil, e a taxa de juros do Brasil é a maior do mundo. Eu quero ver o que essa calhordice aí, desses golpistas salafrários, vai fazer no dia seguinte que tomar posse.

E, terceiro, a crise política. Ou você acha que PT, MST, CUT, Ubes, eu e todos nós que estamos convencidos de que há um golpe em marcha no Brasil vamos deixar esse governo governar para vender o País para o estrangeiro. Nenhuma chance. Nós vamos para o pau contra eles. Eu não reconheço legitimidade nesse governo que está querendo se construir em cima do golpe. Eu não reconheço e vou lutar, no meu limite, com as ferramentas que estiveram a meu alcance, para que essa tragédia não se abata sobre o Brasil.

O impeachment é inevitável?