Coluna do blog


E se...
Você não conhece mais quem julga seu processo.Agora é tudo digital. O doutor não vai mais à vara. Sua excelência vareia agora de casa ou de onde estiver. Um assessor arruma a mesa, recebe os demandistas, dá desculpas, ensina o que fazer, tudo dentro das normas que criaram para que as pessoas não incomodem mais a autoridade. No meu tempo de menino a autoridade era conhecida, como meu vizinho dr.Walter. Sempre allinhado em linho branco imaculado e mãos limpas, imaculadas. E o Aldeir. E a Gisela. Quanta intimidade. É, não. É pra dizer que juiz era gente conhecida, andava no meio das pessoas, ouvia as pessoas, conversava com as pessoas. Dr.Geraldim levou até facada no rosto pela generosidade de ouvir bandido perigoso sem algemas. Não por valentia, mas por humanidade. Um juiz. Os autos não se julgavam pela internet, como também pela audiência, pelos sentimentos, pelas histórias de cada um. As partes eram ouvidas olho no olho, quer dizer, ouvido a ouvido. Só que ninguém sabe mais quem é quem ou o que. Os tribunais tocam trombetas dizendo que agora é tudo eletronico, até assinatura. É perder tempo falando de como era. Ninguém vê mais um pedaço de papel. A tela do computador é a folha de papel em branco onde alguém, correta ou incorretamente diz pra sua excelência que é assim ou assado e manda dizer pras partes em demanda, que um é réu o outro é só o outro. Sem falar, é claro, nas coisas esquisitas que se ouve falar. E se...

A frase: "Acredite em milagres, mas não dependa deles". De um tal de Immanuel Kant .Sabe quem foi?
 

Paulo Freire (Nota da foto)
O energúmeno patrono da educação brasileira.

Historias de fim de ano
Notícia tem, mas uma história, muitas vezes é melhor que uma notícia. Contava Heitor Férrer, numa roda de deputados: - Fui ao Hospital Geral de Fortaleza para uma visita informal. Na portaria o segurança me barrou. Me apresentei como médico. De nada adiantou. Insisti. Nada. O moço estava irredutível. Jamais fiz isso, então resolvi dar uma carteirada. Disse que era deputado. O homem nem tchum. Entendi a autoridade dele e perguntei com quem falaria para ter acesso ao hospital. Ele me encaminhou pra uma Assistente Social que pegou meus dados, tipo identidade, CPF, tipo sanguíneo, idade, peso e que tais para uma boa ficha de identificação. Aí voltei, e então liberado, tive acesso ao nosocômio. Heitor Férrer, por conta disso,apresentou ontem um projeto de indicação como na carteira de deputado conste “acesso livre” aos hospitais oficiais. Que nem uns caminhões da coca-cola, disse um gaiato que ouvia a conversa.

Histórias de fim de ano II
Martonio Vasconcelos, brilhante como estudante, brilhante como advogado, brilhante como desembargador, é uma das peças mais iluminadas numa roda de conversa entre amigos. Contador nato de histórias, tem na memória fatos, como fotografias, de passagens de seu juizado pelos sertões. Um dia, conta ele, na sexta feira, fechado o expediente, deixou a mesa arrumada, processos despachados, em “dias” e nenhuma pendência. Um “advugado” procurou o juiz Martônio Vasconcelos que já havia saído. O meirinha encerrando o expediente, também, perguntado, disse que o juiz deveria estar no bar do fulano de tal. Lá se foi o advugado. Apresentou-se, tinha uma demanda de busca e apreenção. Meretísismo leu, e enquanto lia convidou o doutor a sentar. Muito cioso, o advugado perfilou-se declinando do uisquinho generoso da autoridade:  - Doutor, não bebo quando trabalho.   Martônio fecha o processo, entrega de volta pro representante da Ordem e encerra a sessão: - Volte segunda feira. Não trabalho quando bebo.

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