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Supercomitiva tisna canonização de Irmã Dulce


O jornal Valor Econômico informa que a canonização de irmã Dulce, no domingo, arrasta para Roma mais de cem autoridades e políticos brasileiros —incluindo mulheres e, em vários casos, até os filhos. Não há, por ora, informações sobre o custo da caravana para o erário. Seria interessante saber como irmã Dulce reagiria. A madre não era de jogar conversa fora. Seu testemunho era de atitude, não de palavra. Mas talvez se animasse a dizer algo assim: "Perdoe, Senhor. Eles não sabem o que fazem".
Dulce tinha o hábito de recorrer a mediações da política sempre que era necessário forçar o poder público a fazer alguma coisa pelos impotentes. Não se interessava por articulações. Não queria saber dos meandros complexos do poder. Tudo o que importava para ela era aproximar as duas pontas do drama: o poder cego e o pobre desamparado. Foi assim, forçando portas, que ergueu um hospital a partir de um galinheiro.
O grosso do gasto com a caravana será bancado pelas instituições que abrigam os viajantes. Ou seja: segure a carteira! Liderada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, a comitiva inclui gente do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. O excesso de viajantes levou as embaixadas brasileiras em Roma e no Vaticano a solicitarem ao Itamaraty reforço de caixa para pagar até despesas banais como transporte. Alega-se que a assistência a autoridades no estrangeiro é uma praxe.
Pena que a canonização é uma reverência post mortem. Viva, irmã Dulce decerto pediria ao papa Francisco para cancelar sua canonização. Passará a se chamar Santa Dulce dos Pobres. E não suportaria ter que testemunhar o desperdício de verbas públicas promovido por políticos e autoridades pobres de espírito. O barulhinho que se ouve ao fundo é o ruído da Santa revirando no túmulo.

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