Pixe chega as praias do Ceará


Óleo em praias do Ceará terá origem investigada por órgãos competentes

Manchas pretas surgidas no litoral cearense, no início deste mês, começam a ser observadas com mais frequência em diversas praias do Estado. Para discutir o assunto, o titular da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Artur Bruno, se reuniu na manhã desta quarta-feira (25), em seu gabinete, com técnicos de diversos órgãos públicos e do terceiro setor. A origem dos poluentes ainda não foi detectada, mas está sendo investigada. “Ninguém sabe de onde vem e nem via satélite conseguiu enxergar”, disse analista ambiental Miller Holanda, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Segundo o analista, o “óleo” já foi detectado em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Maranhão e Ceará. Aqui “já se tem notícias” que a poluição foi avistada em Paracuru, Aquiraz, Cumbuco, Trairi, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza. Independente do número de localidades que apresentam manchas, o representante do Ibama afirmou que 100% dos municípios do litoral serão visitados. “Até mesmo para deixar orientações básicas”, esclareceu. Será uma ação integrada e multidisciplinar com participação de vários órgãos e entidades.

A equipe Ibama/CE já está em campo. O problema está sendo monitorado desde semana passada. “Estamos articulados com a Diretoria de Defesa Ambiental, em Brasília, e com os demais estados envolvidos, elaborando um plano de ação”, disse. “É um plano de resposta ao acidente ambiental”, explicou. O plano já está sendo elaborado desde semana passada. Estabelece diretrizes, obrigações e pode variar de ações simples, ou até mesmo a entrada de “empresas respostas”, aquelas contratadas para atender casos mais graves de acidentes ambientais.

A poluição já está começando a impactar a fauna. Alice Feitosa, do Instituto Verdeluz, informou que socorreu quatro tartarugas. “Encontramos substrato negro”, disse. A necrópsia de uma tartaruga comprovou que ela morreu asfixiada devido ao óleo encontrado nos pulmões. Uma ave marinha também foi encontrada no Cumbuco e uma outra tartaruga em Jericoacoara. O odor do material é característico ao asfalto, petróleo. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) está disponibilizando viaturas para coletar e receber animais oleados e encaminhar para a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) para identificar e estabilizar os mesmos.

Alguns materiais estão sendo analisados nos laboratórios da Unifor e do Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec). Mas a Semace e Ibama vão coletar materiais e juntos trabalhar na busca de um diagnóstico referente aos poluentes. “Estamos planejando utilizar o helicóptero da Semace e fazer um sobrevoo, esta semana”, informou Carlos Alberto Mendes, da Semace. “Vamos usar ainda dois drones para investigar a questão no litoral mais próximo da praia”, encerra. Serão coletados materiais (do solo e da água) de todos os municípios litorâneos.

Ao final da reunião, o secretário Artur Bruno informou que toda a operação e informações serão centralizadas no Ibama/CE, com o apoio total da SEMA, Semace e demais órgãos. “Institucionalmente, o Ibama vai coordenar o processo e acionando os parceiros sempre que precisar”, disse Bruno. Também ficou encaminhado que o BPMA e BPTUR serão capacitados pelo Instituto Verdeluz sobre a questão do atendimento ao socorro dos animais afetados pelos poluentes.
Também participaram da reunião, Ana Maria Maia, Gustavo Gurgel e Alberto Perdigão, da Semace; João César Pinheiro, da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec); Leonardo Almeida Borralho, Dóris Day Santos, Pedro Vitor Moreira Cunha, Andrea Moreira, André Luiz Pereira e Wersângela Cunha, da SEMA; Luiz Gerson Lima Junior, da Unifor; Vitor Luz Carvalho, Gabriela Ramires e Cristine Negrão, da Aquasis e Alice Frota Feitosa, do Instituto Verdeluz.

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