Opinião

Outro dia, na companhia do advogado Luciano Arruda e do arquiteto Campelo Costa fui a Sao Paulo. Do hotel pra Casa do Porco é só uma rua estreita. Bem estreitinha. Nem chuva forte separa os dois endereços. Fomos à esbórnia gastronômica, sem dó nem piedade. Orgasmos múltiplos a cada prato servido num tom quase solene. Se voce não pede, basta olhar pra capatazia que vêm sugestões e mais sugestões. Do porco tudo. Nunca imaginei aqui em Sâo Paulo; no Brasil. Pensei em descrever o ambiente, a comida, o local, as coisas de lá. O dia-a-dia foi passando e correndo e o tempo virou de caminhos e descaminhos de memória. Aí, hoje cedo, deparo-me com o Ricardo Kotscho furando minha chapa. Impossivel trocar meu texto pelo do Ricardo eis que o dele é infinitamente melhor e, no contexto, lambendo do beiços, o dele tá muito mais tocante no tocante a passar horas se refestelando. E nós, nem sei por quais cargas dagua esperamos não mais de tres minutos por uma mesa e o assalto aos pratos da CASA DO PORCO. Então vamos ao Kotscho.

Uma trégua na Casa do Porco, a melhor comida do Brasil

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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho  para o Jornalistas pela Democracia - Ninguém é de ferro, já ensinava meu mestre Fernando Pedreira, no velho Estadão da Major Quedinho.
Chega de falar do governo Bolsonaro, nem eu aguento mais.
Na quarta-feira, em meio ao cruel expediente, larguei o noticiário, aceitei a sugestão de amigos para dar uma trégua, e fui almoçar na Casa do Porco, palco de uma festa gastronômica sem igual no Brasil. Por isso me lembrei do Pedreira, que sabe das coisas boas.
O único problema lá é arrumar um lugar para sentar, porque o restaurante vive lotado o dia inteiro. Abre ao meio dia e fecha à meia noite.
Graças aos préstimos do Beto Ranieri, o chefe da nossa confraria, que conhece todo mundo, logo nos arrumaram uma mesa neste restaurante sem luxo, meio caipira, todo colorido e enfeitado com adereços da roça, com um serviço afiado de primeiríssimo mundo.
O lugar é um sucesso de crítica e público desde que foi inaugurado, em outubro de 2015. Anda ainda mais cheio porque estreou um novo cardápio por estes dias, que vale a pena conferir.
Não demoraram a chegar os primeiros acepipes acompanhados de uma cachacinha da casa _ entre eles, uma fantástica manteiga de banha de porco para passar no pão, como minha mãe alemã fazia em casa.
Para forrar a barriga, surgiu um respeitável consome de presunto, que deu vontade de repetir, embora a degustação ainda tivesse muitos pratos pela frente.
Vejam só se tem isso em outro lugar: sushi de papada de porco com tucupi preto e nori; parmegiana com ragu de porco caipira, cogumelo e queijo parmesão.
E tem mais: panceta com goiabada, mexidinho de feijoada e churrasquinho de porco num braseiro que vem à mesa, com linguiça, costela e hortaliças.
Faltava a chave de ouro, o porco Sanzè, batizado com esse nome em homenagem a São José do Rio Pardo, de onde veio importado o chef Jefferson Rueda, que criou todas estas maravilhas.
Não é um porco qualquer: é um espécime criado solto, com alimentação natural, e só vai para a mesa depois de assar lentamente no grande braseiro montado na cozinha aberta, um espetáculo ao vivo.
Vem com tutu de feijão, tartar de banana, farofa de cebola e uma saladinha de couve cru só com sal e limão, que para mim é a mais simples e melhor criação da casa.
Se alguém ainda aguentar, pode pedir um creme de milho com sorvete de queijo de cabra e crocante de fubá, que não vai se arrepender.
Para quem duvida que esse paraíso da Casa do Porco existe, é só ir até a rua Araújo, 124, no coração de São Paulo, perto do Edifício Itália. Mais informações no Google.
Algumas cachacinhas depois, você sai de lá sem nem lembrar quem está no governo e onde fica Brasília.
A vida é dura, mas vale a pena.
Vida que segue.

Observação deste humilde glutão, pra complemento da informação do Ricardo e dos meus desejos quase sexuais de voltar lá;  CASA DO PORCO é tido hoje como um dos CEM melhores restaurantes do mundo.

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