Ricardo Salles é indicado por Bolsonaro para o meio ambiente
Bolsonaro indicou,
neste domingo, pelo Twitter, o advogado Ricardo Salles para o
Ministério do Meio Ambiente. A indicação deve muito aos setores mais
retrógrados do agronegócio e, também, à Fiesp. Salles foi secretário do
meio ambiente do estado de São Paulo, entre 2016 e 2017, e diretor
jurídico da Sociedade Rural Brasileira. Ele é, também, fundador do
movimento Endireita Brasil, uma organização político-ideológica criada
em 2011 para "corrigir" o que ele e seus camaradas chamam de
"demonização da direita". A curta passagem de Salles pela gestão de meio
ambiente de São Paulo foi tortuosa e controversa, e acabou com sua
renúncia, forçado pelo então governador Alckmin, depois de muitos
confrontos públicos com técnicos do setor de celulose e da própria
secretaria, com ambientalistas, pesquisadores e promotores públicos. No
início de 2017, Salles tornou-se réu em mais de uma ação civil pública
interposta pelo Ministério Público.
Sobre o novo cargo, ele disse à Folha
que pretende ajudar o Brasil a se desenvolver: "Vamos preservar o meio
ambiente sem ideologia e com muita razoabilidade”. Em outra matéria, a Folha entrevistou
o futuro ministro e perguntou a opinião dele sobre o aquecimento
global, mencionando setores preocupados que defendem medidas imediatas, e
setores mais céticos. Salles disse que "não é nem para um lado nem para
o outro. Temos um dever de casa para fazer muito tangível relativo à
preservação do solo, da água, ar e vegetação. A discussão sobre se há ou
não há aquecimento global é secundária. Não vou entrar, nesse momento,
nessa discussão. Porque as questões tangíveis de preservação do meio
ambiente, havendo ou não havendo aquecimento global, têm que ser feitas.
Portanto, essa discussão, neste momento é inócua". Sobre o Acordo de
Paris, ele disse que vai "olhar, item por item, os pontos mais sensíveis
(...) lembrando que a soberania nacional sobre o território é
inegociável."
Na rádio CBN,
André Trigueiro disse não se lembrar "de outra situação em que um
pré-candidato a ministro tenha sido tão fortemente apoiado pelo setor
que ele mesmo vai regular. Será que ele vai ter autonomia para
fiscalizar?"
Em nota, o Observatório do Clima
lamentou a escolha, dizendo que Salles "será um ajudante de ordens da
ministra da Agricultura" e que, com a nomeação, "o ruralismo ideológico
(...) compromete o agronegócio moderno – que vai pagar o preço quando
mercados se fecharem para nossas commodities.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário