Acordo de
Paris: Bolsonaro se equivoca em gênero, número e grau
Em uma de suas já conhecidas lives no
Facebook, o presidente eleito disse ontem que o Acordo de Paris "exige
que o Brasil faça um reflorestamento de uma área enorme, algumas vezes o
tamanho do estado do Rio de Janeiro". Bolsonaro está totalmente
equivocado. O Acordo não "exige" nada. Pelo contrário, ele foi
montado com base nas promessas feitas soberanamente pelos países (as
Contribuições Nacionalmente Determinadas - NDC). E tudo o que o Estado brasileiro
colocou em sua NDC foi
resultado de consultas feitas pelo então governo junto a vários setores da
sociedade, incluindo indústria e agronegócio. Além disso, a NDC brasileira
não promete reflorestar uma área várias vezes maior que a do estado do Rio de
Janeiro. Na verdade, no capítulo sobre Meios de Implantação, a NDC brasileira
fala em reflorestar 12 milhões de hectares, menos de ⅓ da área do Rio. Este reflorestamento
é bom para o país e para a economia, e está sendo feito já em grande parte
pelo próprio agronegócio, por meio da técnica de Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
Bolsonaro disse também que não é possível cumprir esta meta e
que as "sanções vêm aí: num primeiro momento sanção política, num
segundo momento sanção econômica, num terceiro momento sanção de força".
Gostaríamos de saber do presidente eleito quais são as sanções previstas no
Acordo, pois a equipe do ClimaInfo as desconhece. Aliás, se existe alguma
crítica a ser feita ao Acordo é que as NDCs propostas inicialmente pelos
países são fracas demais para que seus objetivos de longo prazo sejam
alcançados e que o Acordo não é legalmente vinculante; não existe em seu
texto previsão de sanção de qualquer espécie.
Bolsonaro também disse: "Vamos sugerir mudanças no Acordo
de Paris. Se não mudar, sai fora (sic). Quantos países não assinaram? Por
que o Brasil tem que dar uma de politicamente correto?". Alguém precisa
dizer para ele que 195 países assinaram o Acordo.
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