Em busca do centro, Ciro diz que jamais vai ‘andar’ com o PT
Numa tentativa de se distanciar do partido de Haddad, pedetista chama o PT de ‘organização odienta’ e afirma que não aceitará composição para 2º turno
O candidato
Ciro Gomes (PDT) fez ontem o gesto mais explícito na tentativa de se
distanciar do PT e conquistar votos de eleitores do centro. Em
entrevista a uma rádio e durante evento de campanha, ele chamou o PT de
“organização odienta de poder” e disse que não vai se aliar ao partido
num eventual segundo turno ou aceitar convite para assumir um ministério
no caso de vitória de Fernando Haddad. “O PT contou comigo ao longo dos
últimos 16 anos. Na medida em que eles se juntam com o Renan Calheiros
(MDBAL), que presidiu o Senado no impeachment que eles chamam de golpe,
que estão juntos no Ceará com o Eunício Oliveira (MDB), não é mais
possível, para mim, andar com eles na política”, afirmou à Rádio Guaíba.
A fala de Ciro vem após sinalizações de Haddad por uma composição no
segundo turno. A estratégia é apoiada na convicção de que Haddad é nome
certo no segundo turno e que o adversário que ainda pode sofrer revés é
Jair Bolsonaro (PSL).
Na reta final do
primeiro turno, o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, fez ontem o
gesto mais explícito na tentativa de se distanciar do PT e conquistar
votos de eleitores do centro. Em entrevista a uma rádio e durante agenda
de campanha, ele chamou o PT de “organização odienta de poder” e disse
que não vai se aliar ao partido num eventual segundo turno ou aceitar
qualquer convite para assumir um futuro ministério no caso de vitória do
candidato petista, Fernando Haddad.
“O PT contou comigo ao longo dos últimos 16 anos. Na medida em que eles se juntam com o Renan Calheiros (MDB-AL),
que
presidiu o Senado no impeachment que eles chamam de golpe, que estão
juntos no Ceará com o (presidente do Senado) Eunício Oliveira (MDB), não
é mais possível, para mim, andar com eles na política”, afirmou o
pedetista, em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul.
A
fala de Ciro vem depois de sinalizações de Haddad por uma composição no
segundo turno. O pedetista reiterou na entrevista que tem respeito pelo
“amigo Haddad”, mas que “tem feito muito mal ao Brasil de um tempo para
cá”. “A Manuela d’Ávila (vice de Haddad)
foi alvo de chantagem vergonhosa da burocracia do PT. Ela
foi
brutalmente retirada da disputa política para ser a vice. E ela estava
cumprindo um papel muito bonito na pré-campanha”, afirmou Ciro.
Adversário.
A estratégia do pedetista parte da convicção de que Haddad já é um nome
certo no segundo turno – e que o adversário que ainda pode sofrer algum
revés na última semana de campanha é Jair Bolsonaro (PSL), que lidera
as pesquisas de intenção de voto.
Ciro deve intensificar as declarações contra o PT e continuar repetindo que ele é o único capaz de superar a polarização,
pacificar
o País e vencer os radicalismos. “Tenho condições de dialogar com o
centro, com a direita e com a esquerda”, afirmou na entrevista à rádio.
O
candidato do PDT oscilou na campanha entre acenos ao centro e à
esquerda. Ciro viu frustrada sua tentativa de se aliar ao Centrão –
bloco liderado pelo DEM e formado por PP, PRB e Solidariedade – e, após
manobra do PT, não conseguiu fechar uma coligação com o PSB.
Porém,
enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso
na Lava Jato, ainda era oficialmente o candidato do PT ao Palácio do
Planalto, o pedetista fazia questão de manter pontes entre o partido e a
esquerda.
Em sabatina realizada pelo
Estado, no início de setembro, por exemplo, o candidato do PDT chegou a
dizer que, se tivesse de escolher entre “coxinhas” e “mortadelas”, ele
preferiria o lado dos “mortadelas”.
Em uma
nova inserção, veiculada nas redes sociais desde ontem, e que deve ir
ao ar na TV hoje, Ciro se “oferece” como alternativa aos eleitores que
não querem nem Bolsonaro nem o PT. “Quero me dirigir a você que está
votando contra alguém ou contra algum partido. Tem gente que vota no
Bolsonaro, não pelo Bolsonaro, mas por ser contra o PT. E eu entendo as
razões. Tem gente que vota no PT, não pelo PT, mas para evitar o
Bolsonaro”, diz Ciro na propaganda. “Mas a única certeza nessa disputa é
que o Brasil vai continuar dividido e a crise vai se aprofundar. Será
que a gente aguenta?”
Essa orientação vem
sendo aplicada em Estados nos quais Ciro precisa melhorar o desempenho,
como Minas Gerais. “Estamos dizendo ao Ciro há muito tempo que essa
fidelidade, lealdade, fidalguia, que ele tem com Lula não corresponde ao
comportamento do PT. A gente tem que se afastar, porque estamos a dez
dias da eleição”, disse o deputado Mário Heringer (PDT-MG). “Espero que
(esse discurso) atraia (o voto antipetista), porque esse é um voto de
70% dos brasileiros.”
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