Homenagem

Diretora do O Estado é homenageada na Câmara



Soraya de Palhano, durante sessão solene, ressaltou que a Constituição seja respeitada, quando diz que criança tem prioridade
Em decorrência do Dia Nacional da Adoção de Crianças, celebrado na última sexta-feira, 25, a Câmara Municipal de Fortaleza (CMF) realizou uma sessão solene em respeito à data durante a tarde de ontem, 28. O evento, que abordou ainda questões relacionadas à importância da adoção e os procesoss ligados a isso, homenageou nomes atuantes na área na capital cearense.
Soraya de Palhano, diretora do Jornal O Estado e gestora do abrigo infantil Casa de Jeremias, foi uma das pessoas homenageadas. Segundo ela, receber a certificação da CMF marcando o Dia da Adoção é uma honra. “A Casa de Jeremias funciona há 15 anos e a gente luta em nome dessas crianças dentro dos abrigos. É preciso que a Constituição seja respeitada quando diz que criança tem prioridade”, conta.
A cerimônia foi de iniciativa da vereadora Marília do Posto (PRP), que presidiu a mesa durante o andamento da sessão. Segundo ela, uma das principais motivações para a ação foi o fato de ela própria ter um filho adotivo. “Meu filho Gabriel, com dois dias de nascido ele foi deixado comigo, é o amor da minha vida. É importante adotar porque existem milhões de crianças na rua e em orfanato e precisa ter famílias para que elas possam ser incluídas na sociedade e ter uma vida melhor”, explica.
Ela considera que o processo de adoção em Fortaleza hoje está mais facilitado do que costumava ser alguns anos atrás. No entanto, observa que ainda há muito a ser melhorado.
Ela conta que a burocracia envolvida no processo de adoção é grande e que isso acaba estendendo o tempo pelo qual as famílias têm que esperar até que tudo esteja resolvido. Como consequência disso, outros aspectos da própria vida da criança acabam tendo mais complicações, como quando a família precisa vacinar o filho adotivo ou viajar com ele, uma vez que a documentação ainda não está normalizada.
Dairton Costa de Oliveira, promotor de justiça do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) em Fortaleza, explica que a duração do processo se dá a partir de uma mudança necessária no modo como são feitas as adoções no Brasil. “A cultura adotiva mudou no nosso país. Antes era feita a adoção direta, a pessoa ia aos abrigos ou recebia a criança diretamente, buscava a justiça e tentava normalizar a situação”, diz ele. Agora, continua, essa eleição é feita pela fila do Cadastro Nacional de Adoção, o que significa que hoje quem quer adotar apresenta documentação pra justiça, é preparado e capacitado por ela para o ato adotivo e se submete a uma sindicância para verificar se tem condições financeiras e psicológicas adequadas para receber a criança.
A duração do processo na capital cearense varia entre 120 e 240 dias (entre quatro e oito meses), segundo Dairton, portanto menos do que a quantidade de tempo necessária para se ter um filho por meio de uma gestação. Esse processo, diz ele, é necessário de modo a evitar devoluções desnecessárias de crianças, evitando que elas sejam entregues a casais inaptos.
Foram homenageadas também durante a cerimônia a vereadora Larissa Gaspar (PPL), que integra junto a Marília do Posto a Comissão de Direitos Humanos da CMF, o ativista do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e participante do programa Padrinho Afetivo Hutson Bastos e a educadora social Renata Rocha Pires, representante do abrigo Casa da Criança.
Apadrinhamento
Uma alternativa ao processo tradicional da adoção é o apadrinhamento de crianças que moram em abrigos, por meio do qual pessoas interessadas podem estabelecer contato com essas crianças antes da adoção em si.

Hutson Bastos, um dos homenageados na tarde de ontem, participa desse projeto e conta que é importante que esse tipo de iniciativa, ainda relativamente recente, se popularize. “Essas crianças geralmente têm mais de sete anos de idade, irmãos, crianças negras, crianças que estão no cadastro de adoção mas não são preferência dos adotantes e ficam esquecidas, vivendo a vida toda no abrigo, completando a maioridade e tendo que sair sem rumo na vida”, conta.
A vereadora Larissa Gaspar, que também discursou na ocasião, destaca que esse caminho representa um primeiro passo na direção da adoção. Ela lembra que há no Brasil uma disparidade entre o número de crianças necessitando de lares e famílias disponíveis para recebê-las: “Hoje tem, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mais de 8 milhões de crianças e adolescentes em processo de aguardar famílias que os acolham e tem apenas 43 mil pessoas cadastradas para adotar”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário