Opinião

Quem atirou nos ônibus de Lula? Para o PSDB e Bolsonaro, foi o PT

Em tempo (atualizado às 10h50):
depois de publicar a coluna abaixo, encontrei no Diário do Centro do Mundo a declaração de Ailton Benedito, procurador da República em Goiás, que se apresenta no twitter como “cidadão de bem e pai de família”. Reproduzo o que ele escreveu:
“Cidadão de bem não possui arma de fogo, graças ao Estatuto do Desarmamento defendido pelo condenado Lula. Portanto, o suposto tiro contra seu ônibus teria sido deflagrado por algum bandido ou marqueteiro para armar #FakeNews da grande mídia contra quem defende a sua prisão”.
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“É tudo mentira. Está na cara que alguém deles deu os tiros. A perícia deve ficar pronta entre hoje e amanhã e vai apontar a verdade”, disparou Jair Bolsonaro, o candidato da “bancada da metralhadora” no fim da tarde de quarta-feira, em Ponta Grossa, no Paraná.
Mais cedo, em Brasília, na mesma linha de culpar as vítimas pelo atentado contra os ônibus de Lula na caravana do Sul, o líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão, afirmou que os tiros devem ter sido uma “armação” dos petistas:
“Não posso acreditar que alguém tenha atirado neles. Eles são capazes de tudo, inclusive de ter armado a situação para se colocarem de vítima. Não acredito que alguém tenha feito isso”.
Arrependido de ter afirmado, na terça-feira, que “o PT colhe o que plantou”, o pré-candidato tucano Geraldo Alckmin voltou atrás e escreveu no twitter que “toda violência tem que ser condenada”.
Mas o estrago já estava feito: por atos, omissões e palavras, o PSDB se alinhou aos bolsonaristas, aos celerados de aluguel do MBL e a outros grupos de direita na reação ao atentado, que foi condenado pelos outros pré-candidatos.
As primeira declarações de Alckmin e do líder do partido na Câmara mostram o PSDB dando uma guinada mais forte para a direita, em busca dos votos de Jair Bolsonaro, o líder absoluto nas pesquisas sem Lula.
Com o campo da centro-direita já congestionado por candidatos governistas, a começar por Temer e Meirelles, o PSDB ganhou um novo concorrente na extrema-direita, o empresário Flávio Rocha (do PRB do bispo Edir Macedo), perto de quem Bolsonaro pode ser considerado um moderado.
Para mostrar que sua candidatura é para valer, o dono da Richuelo já teve um encontro na quarta-feira com João Roberto Marinho, um dos donos da Globo.
Nada está fácil para o candidato tucano, que ainda tem que conviver com a sombra de João Doria, pronto para dar o bote, se Geraldo Alckmin não desencalhar nas próximas pesquisas.
Para enfrentar a maré baixa, Alckmin conta com os destemperos do ex-capitão do Exército cada vez mais radical.
“Foram eles que deram os tiros”, Bolsonaro foi afirmando logo de manhã, em Curitiba, sem apresentar nenhuma prova, quando o repórter do Globo lhe perguntou sobre o atentado contra a caravana de Lula.
Para completar as lambanças do dia, Bolsonaro gravou um vídeo com o ator pornô Alexandre Frota convocando-o para ser seu Ministro da Educação.
Tudo é possível, até Michel Temer ser candidato à reeleição, sem nunca ter sido eleito presidente, acordado nesta quinta-feira com a prisão dos seus homens de confiança, o coronel Lima e o melhor amigo José Yunes.
E assim caminhamos para esta inacreditável e absolutamente imprevisível corrida eleitoral de 2018 que nos assusta cada vez mais com o que ainda pode acontecer.
Bom feriadão a todos.
Vida que segue.

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