Opinião
O BBB DE TOGA
COLUNA CARLOS BRICKMANN
O
caro leitor chegou à sua casa, depois de um dia de trabalho, e ligou a
TV para saber o placar do julgamento do habeas corpus preventivo pedido
por Lula. Então soube que, depois de um dia de trabalho, os Supremos
Togados estavam ainda decidindo se era ou não o caso de aceitar julgar o
habeas corpus. Enfim, como mostra o definitivo texto do publicitário
goiano Marco Chuahy, “o STF se reuniu para decidir, mas decidiu que
antes precisava decidir se podia decidir. Decidiu que podia. Mas decidiu
não decidir mesmo podendo decidir, e decidiu que vai decidir outro
dia.” E decidiu também que Lula não pode ser preso antes de outra
decisão do STF. Mas por que, podendo decidir, não decidiu de uma vez?
É
que um ministro precisava pegar um avião e, embora o STF seja quem lhe
pague, pode esperar. Outros Supremos se cansariam se trabalhassem à
noite. E por que não resolver na sexta, ou no fim de semana, como uma
empresa faria? Porque não é costume trabalhar nesses dias. Na semana que
vem não dá: dia 30 é Sexta-Feira Santa e o STF observa a semana toda.
Não
é apenas o hábito de poupar-se de esforços extras. Trata-se de jogar
para o futuro distante a decisão de enfrentar o problema do início do
cumprimento das penas. Este colunista não torce pela prisão em algum
ponto do julgamento nem só após trânsito em julgado, mas pela aplicação
da lei. E essa definição é do Supremo Tribunal Federal. BBB é outra
coisa.
Como está
A
decisão do STF, por 6 votos contra 5, foi receber e julgar o pedido de
habeas corpus preventivo de Lula, que pleiteia o direito de ser preso só
depois de julgados todos os recursos. Até que ocorra o julgamento, Lula
não poderá ser preso após perder os apelos ao TRF 4, que o condenou em
segunda instância no caso do apartamento triplex em Guarujá.
Dúvida cruel
O
caso foi marcado para daqui a um bom tempo, mas o ministro Gilmar
Mendes ainda não sabe se poderá voltar de Portugal para o julgamento do
habeas corpus de Lula. Disse a O Globo que não tem ainda resposta a dar.
Em Portugal, participa de evento do IDP, Instituto de Direito Público,
do qual é sócio. Perder este evento só para um julgamento importante?
Lembrando
Saudades
de Chico Anysio! Era dele o deputado Justo Veríssimo, igual a muitos,
mas mais sincero do que todos. Foi quem disse a grande frase: “Povo não
pensa, povo vota. Eu quero que o povo se exploda”. Era dele também outro
clássico: “Esta terra que eu amo, este povo que eu piso... quer dizer,
esta terra que eu piso, este povo que eu amo”.
Temer quer bis
Informação
exclusiva da última revista IstoÉ: Michel Temer confirma que é
candidato à reeleição. Esta coluna já tinha cravado a informação: ele
tem de ser candidato, ou ficará sem foro privilegiado. Se for para ser
réu, que seja no Supremo, onde as causas demoram mais e condenar é mais
raro, do que nas mãos de Sérgio Moro e outros juízes de primeira
instância.
Mas
há um problema sério: mesmo com a economia mostrando bons índices, o
presidente continua com baixos índices; a intervenção federal no Rio até
agora não provocou qualquer alta na popularidade do presidente. Seus
índices são quase inacreditáveis: 4%, segundo a mais recente pesquisa do
Instituto Ipsos para o Barômetro, de O Estado de S. Paulo. Só alguns
índices são bons para ele: os do mau desempenho dos demais candidatos.
Ninguém em alta
Bolsonaro,
que querem alçar à condição de mito? Tem 24% de avaliação positiva e
60% de negativa. Lula? 41% positivos, 57% negativos. Marina? 30% de
aprovação, 59% de desaprovação. Manuela d’Ávila, do PCdoB? Tem 3% de
aprovação e 54% de reprovação. Alckmin, o líder dos tucanos? Tem 22% de
aprovação e 66% de desaprovação. Ciro Gomes e Fernando Haddad batem no
mesmo nível de desaprovação, e outros nomes ficam ainda mais abaixo:
Henrique Meirelles, Fernando Collor, Rodrigo Maia.
Está certo, ainda é cedo para ver quem é quem, mas todos vão bem mal.
A exceção
O
nome mais viçoso da pesquisa é um que até agora não se declarou
candidato: Joaquim Barbosa, ministro aposentado do STF, que ganhou alta
notoriedade quando tocou o caso do Mensalão. Barbosa tem 42% de
desaprovação e 38% de aprovação. Seu partido? Barbosa tem conversado com
o PSB, mas até agora não decidiu se entra ou não na disputa.
Ruivinha na mira
Lembra
da Ruivinha, aquela caríssima refinaria toda enferrujada que a
Petrobras pagou caríssimo em 2005? Segundo a Polícia Federal, houve no
negócio ao menos US$ 15 milhões em propinas. Os peritos pedem a quebra
do sigilo bancário de vários dos envolvidos na compra. É caso quente.
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