Coluna do blog

 ”Rastros de ódio”
É hora de discutir, ou pelo menos por à mesa, como o povo está sendo manipulado pelas redes sociais, por falsas notícias, por crimes contra idiotas e inocentes úteis. Os jornais que conseguem se debruçar sobre esses assuntos através de consultorias caras e distintas, repetem, justificadamente que dados invertidos, até mesmo frases invertidas e vírgulas cavilosas fazem com que crenças se solidifiquem em verdades e/ou mentiras. Há aquele apelo de que o homem da propaganda de Hitler ensinava: Uma mentira tantas vezes repetidas, vira verdade". Investigar, qualquer coisa que lhe pareça suspeita, qualquer notícia que lhe pareça exagerada é de bom alvitre. Leia comigo.
-O rastro da campanha difamatória nas redes sociais contra Marielle Franco, assassinada na semana passada, aponta que um site de opinião política ampliou de forma decisiva a repetição de falsas acusações contra a vereadora do PSOL. Dados colhidos pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e uma investigação feita pelo GLOBO traçaram o caminho das fake news de maior repercussão sobre o assunto. Até ontem, o link do Ceticismo Político havia sido compartilhado mais de 360 mil vezes no Facebook, ocupando o primeiro lugar entre as publicações que abordaram o boato de ligação da vítima com o crime organizado — seja de maneira caluniosa ou em tentativas de rebater a acusação. No dia seguinte ao crime, boatos começaram a se espalhar em grupos de WhatsApp por meio de textos, áudios e memes. Por volta do meiodia de sexta-feira, apareceram os primeiro tuítes relacionando Marielle ao traficante Marcinho VP e à facção Comando Vermelho. Quatro horas mais tarde, o site Ceticismo Político publicou um texto que teve papel fundamental na disseminação das falsas acusações. O link foi divulgado no Facebook, e, pouco depois, o Movimento Brasil Livre (MBL) replicou a mensagem, ampliando ainda mais a repercussão. No Twitter, em três dias (entre sexta-feira passada e o último domingo), a informação divulgada pelo site gerou mais de um milhão de impressões — um conceito que leva em conta o número de vezes que a mensagem aparece na linha do tempo dos usuários do microblog. A rede de boatos formada no dia em que o Ceticismo Político publicou seu texto envolveu cerca de 4 mil usuários do Twitter, segundo o Labic.  O Ceticismo Político usou como base uma reportagem da colunista Mônica Bergamo, do jornal “Folha de S. Paulo”, sobre um comentário de uma desembargadora publicado no Facebook a respeito de boatos que circulavam no WhatsApp. O texto publicado pela “Folha” citava o que havia sido escrito por Marilia Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio, e informava que um grupo de advogados tinha se mobilizado para que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se pronunciasse sobre o caso. O Ceticismo Político, no entanto, subverteu o texto original e deu um novo título: “Desembargadora quebra narrativa do PSOL e diz que Marielle se envolvia com bandidos e é ‘cadáver comum’”. Ao citar a reação dos advogados, o site afirmou que se tratava de manifestação da “extrema esquerda”.  “A publicação do Ceticismo Político foi a que teve a maior influência no debate”, diz o pesquisador Fábio Malini, coordenador do Labic e autor do levantamento.

A frase:”Governo federal promete novos recursos este ano”. Tem quem acredite.



Quem é quem (Nota da foto)
O Ceticismo Político é um site administrado por Luciano Henrique Ayan — não há fotos dele nem referências a esse nome em bancos de dados públicos. O MBL afirma que não é responsável por administrar o perfil de Ayan e que não o conhece, mas interações nas redes sociais entre o grupo e o responsável pelo site evidenciam uma proximidade entre as duas partes.

Desdobramento
Quatro horas depois de o Ceticismo Político publicar a suspeita sobre Marielle, o MBL replicou a publicação no Facebook, com um comentário igual ao do texto original: “Isso é complicado. Bem complicado...”. Antes de ser apagada, a publicação havia alcançado 33 mil compartilhamentos.

Exemplos
Em 2016, no Facebook, o MBL publicou um post em que divulgava um texto de Ayan escrito para o blog do movimento. No Twitter, o MBL já replicou mensagens de Ayan, e o núcleo do grupo em Campinas republicou uma postagem em que ele criticava o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, por ter pedido a quebra de sigilo bancário do presidente Michel Temer.

Outro
Em outubro do ano passado, um dos integrantes do grupo endossou uma mensagem de Ayan que divulgava uma proposta para acabar com a Lei Rouanet. O pesquisador Fábio Malini explica que a viralização de conteúdos costuma estar relacionada a dois aspectos que ficaram evidentes na morte de Marielle: a emoção que tomou conta das pessoas e a incerteza sobre o episódio.

Pegando pela emoção
“A viralização tem a ver com a carga emocional. Em casos de muita comoção, as pessoas se ligam ao episódio e compartilham mais conteúdo. A emoção leva ao engajamento. Muitas vezes, as pessoas compartilham informação sem checar, informações distorcidas, porque estão envolvidas mais emocionalmente do que cognitivamente”.

Caiu no trote,morreu
A atuação de perfis falsos ajuda a impulsionar o debate nas redes, mas, segundo Malini, os boatos e mentiras ganham força por quem “cai no trote” e não checa a informação: “Há usuários robotizados, os fakes ou os bots humanos, que publicam conteúdos em diferentes perfis. Mas, em geral, a força do boato vem de pessoas que caem no trote e carregam efeito de verdade. Acontece muito em casos de incerteza: não se sabe quem matou, não se sabe quem morreu, então o tema é potencializado”.

Apocalípse
O mundo parou. A vida parou. O universo se desfez. Mulheres se descabelando. Gritos enlouquecidos. Homens suando frio. Meu Deus! É o fim dos tempos! Essa foi uma pequena amostra da reação das pessoas que ficaram em abstinencia de internet com a falta de energia no Brasil na quarta feira. Juro que foi isso que desabou na minha rede. Esse troço é droga pesada.

Censura
Um grupo de jornalistas da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que reúne veículos públicos como Agência Brasil e TV Brasil, reagiu à orientação de dois chefes de reportagem para que fosse reduzida a cobertura do caso Marielle Franco, vereadora do Psol assassinada na última quarta-feira (14).

Perderam a viagem?
Entre sexta-feira (16) e ontem, ao menos dois e-mails foram enviados a um grupo de jornalistas com ordens expressas contra a veiculação de notícias sobre o assunto. A ideia é evitar, segundo uma das mensagens, que o Psol fizesse uso político da execução.


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