O VELHINHO SEMPRE VEM
Coluna Carlos Brickmann
EDIÇÃO DOS JORNAIS DE QUARTA-FEIRA, 29 DE NOVEMBRO DE 2017
Job
Ribeiro Brandão era assessor parlamentar do deputado Lúcio Vieira Lima,
o irmão de Geddel. Suas digitais estavam nas notas daqueles R$ 51
milhões do apê em Salvador. Participava da contagem do dinheiro;
confessou ter destruído provas contra Geddel; para continuar no esquema,
devolvia a Lúcio Vieira Lima parte de seu salário como assessor. Usou o
que era bom e, na hora da queda, denunciou os companheiros. Está livre.
Gustavo
Pedreira do Couto Ferraz era do esquema, levou dinheiro a Salvador,
ajudou na contagem, e, acabado o bem-bom, delatou. Tirou da reta. Sua defesa pede que fique livre, já que o caso é como o de Job.
Agora, três casos levantados por Marco Antônio Birnfeld, do ótimo site gaúcho Espaço Vital (www.espacovital.com.br). Nestor Cerveró: a partir de 24 de dezembro, poderá sair de casa nos dias úteis, de 10 às 18h. Quase!
Também na véspera do Natal, o lobista Fernando Baiano
Soares se livra das tornozeleiras. Fica obrigado a dormir em casa, na
Barra da Tijuca, Rio, e a prestar seis meses de serviço comunitário.
Depois disso, em julho, livre.
Pedro
Barusco, que era gerente da Petrobras e devolveu à Lava Jato uns R$ 200
milhões, sofre mais uma semana. Em 31 de dezembro, fica livre da
tornozeleira. A partir de março, estará livre de vez,
sem restrição. Diz o Espaço Vital que, se quiser viajar ao Exterior,
tudo bem, sem problemas, tem cacife. E completa: “Já tem gente pensando
que o crime compensa”.
Cada caso é (1) caso
Eduardo
Cunha tentou, mas falhou: o STF negou-lhe habeas corpus. Se desse, não
faria diferença: há outras ordens de prisão no caminho.
Cada caso é (2) caso
Job
Brandão teve a prisão revogada a pedido da procuradora-geral Raquel
Dodge. Nem ela nem o ministro Edson Fachin têm dúvidas sobre o papel de
Job no esquema; mas a liberdade fazia parte da delação premiada.
Cada caso é (3)caso
O
caso de Gustavo Pedreira do Couto Ferraz é igualzinho ao de Job: ambos
funcionários de confiança, felizes em ajudar os chefes, talvez levando
um pedacinho. Ambos fizeram delação. Por que um já está livre e o outro
não? A ladroeira já custou a Gustavo cinco meses de domiciliar!
Cada caso é (4)caso
Nestor
Cerveró fez tudo o que se sabe, talvez alguma coisa de que não se
saiba, contou muito, foi alvo de uma tentativa de fuga do país – que,
para muitos, seria uma maneira de tirá-lo da condição de arquivo vivo.
Ficou nove meses com tornozeleiras, em sua casa – uma bela casa, aliás. E
a promessa judicial, ao que tudo indica, será cumprida na íntegra.
Cada caso é (5) caso
Nem
todas as promessas judiciais são cumpridas conforme entendidas pelos
delatores. O caso mais interessante foi o de Joesley. Criou problemas
imensos para Temer e saiu sem qualquer punição visível, como herói:
barco de alto luxo levado para os EUA, declarações do tipo “nóis num vai
sê preso”, e acabaram dando margem a investigações que envolveram
procuradores e levaram à suspensão das promessas. Está preso.
Cada caso é (6) caso
Fernando Baiano e Pedro Barusco seguiram a regra do jogo, cumpriram penas beeeeem suaves, e estão com data marcada para a liberdade.
Tucanudos não se beijam
A
roda dos candidatos ainda vai girar muito. Como esta coluna antecipou,
Luciano Huck não foi candidato. Para ele, seria interessante avaliar a
repercussão de uma candidatura; candidatar-se é outra coisa. João Dória,
se sair, não será a presidente (e, se sair, terá de convencer o patrono
da candidatura de que ele é confiável). Alckmin, hoje, é o candidato do
PSDB. Mas tem, contra ele, Tasso (que gostaria de ser), Aécio, Serra
(quer perder até aprender).
E agora apareceu a esquerda tucana, que quer se reunir com PSOL, PSTU, PT – e, pior, quer que acreditemos nisso.
Nomes possíveis
Ainda
falta muito para a eleição, mas ainda há Henrique Meirelles, João
Amoêdo (que fará campanha fortemente liberal), a eterna Marina Silva,
que até hoje sempre foi destruída no caminho mas que um dia pode acertar
o passo, algum poste indicado por Lula – que, se Lula estiver preso, ou
impedido legalmente de se candidatar, ganha ainda mais força.
Até Requião
O
senador Roberto Requião, do PMDB paranaense, é improvável. Mas tem até
slogan, vindo das velhas campanhas de Getúlio: “Condenação absurda de
Dona Marisa, massacre de direitos de trabalhadores, entrega de nosso
petróleo, tentativa de humilhar Lula, não apenas condená-lo. Lembram
Getúlio? Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar.
Consequência lógica! Outra vez!”
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