”Prisão de ex-ministro ameaça futuro político de Cristina”
- O Congresso
argentino aprovou ontem o fim da imunidade do deputado Julio de Vido,
um ex-ministro-chave dos governos Néstor e Cristina Kirchner, por
suspeitas de corrupção. Com a prisão pedida por dois juízes, ele se
entregou à polícia quando agentes já o procuravam. De Vido foi homem
forte e ministro do Planejamento durante 12 anos nos governos
kirchneristas (2003-2015), nos quais foi responsável por gerenciar
bilhões de dólares em obras públicas. Ele é acusado de desviar fundos na
importação de gás líquido e na administração de um depósito de carvão. A
prisão do deputado tem forte impacto no futuro político da
ex-presidente. Depois de ter garantido uma vaga no Senado na eleição
legislativa de domingo, ela corre risco de passar por um processo
similar no Congresso para anulação de sua imunidade parlamentar. Essa
possibilidade deve torná-la um elemento de fricção dentro do peronismo.
Ela pode forçar a legenda a tê-la como líder, mas é a única referência
do partido a ter imagem negativa superior à positiva (mais de 60% de
imagem negativa). Isso pode manter o principal partido opositor
fragmentado, beneficiando o governo de Mauricio Macri. “É o melhor
cenário para Macri, porque o peronismo não vai aceitar essa liderança de
Cristina e continuará mais tempo fragmentado”, disse ao Estado o
analista em opinião pública Raúl Aragón. “Ela já está no seu teto
potencial de votos. Não tem como disputar uma eleição presidencial e o
peronismo já não a tolera mais”, avalia. Segundo analistas, Cristina
terá de ceder à ala do partido não alinhada ao kirchnerismo, corrente
peronista que se caracteriza justamente pelo confronto. Se ela não
ceder, o peronismo terá sempre uma carta na manga. “Caso algum juiz peça
a remoção da imunidade parlamentar de Cristina, o peronismo pode votar
com o governo para retirar essa imunidade e deixá-la exposta a enfrentar
uma série de processos judiciais”, avalia Aragón.
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