Agradecimento


A foto é da Bia Medeiros

Pareceu equívoco da natureza. Não foi.

Um dia, num junho aí da vida, olhava embevecido, pela terceia ou quarta vez para o alto das torres da Catedral de Colonia, na Alemanha. Um encantamento quase igual àquele que se tem quando está na frente da Cadetral da Sagrada Familia, em Barcelona. No átrio, centenas de pessoas faziam turismo ou vagabundeavam discutindo futebol. Um homem, porém, estava profundamente concentrado no que fazia. Era um artista, o pintor que trabalhava com lapis de cera, uma imensa imagem de uma mulher. Eram lindas a pintura e a mulher. A seu lado com a tralha de panos, lapis e coisas pessoais, uma caixa para doações. Alguns poucos marcos - ainda não havia euro - mostravam que poucos se interessavam pela obra do pintor de rua, um dos milhares que conhecem o mundo fazendo arte, seja pintando, tocando, cantando,ou saltibancos solitários ou em pequenos grupos. Era o quadro à minha frente e à minha volta. Aí, olhando pro cabelo da pintura de chão, vi uma senhora, mulher de seus 50,60 anos, levantar as pernas e cair desastradamente. Ela havia escorregado na cera do pintor. No cabelo da mulher desenhada. Foi um átimo de tempo de que a mente exercitada do repórter viu o drama e anteviu o que ocorreria de imediato, antes mesmo de acontecer; o povo explodiu num riso surdo. O ridículo de uma queda muitas vezes leva gente a rir pra depois reagir em socorro. Mas primeiro rí. É da natureza, comentou um dos parceiros psicólogos de mesa e de bar. Ontem, lendo uma a uma as mensagens deixadas no face, no blog, na caixa de correio do lepi topi deste septuagenário, entendi tanta coisa que pareceu bode de um chá de zabumba que nunca tomei, até porque jamais ví. Foi como as visões que dizem ter os que chegam ao Santo Daime. Uma vida passou pela cabeça. E contei. Um a um. Primeiro jamais imaginei que tanta gente, tantos e com tanta qualidade de vida parassem por um instante pra lembrar de mim e pra dizer nos seus votos de felicidade, paz, amor, saúde e etc e coisa e tal, que eu era isso, aquilo e/ou aquilo outro. Não quero imaginar que teria sido o socorro após o riso...hiiiiii o cara passou dos 70!!! Não! Prefiro acreditar que o mundo, o meu mundo, aquele que me fez ser cidadão do mundo, como apostam alguns, na generosidade que ainda há nas pessoas. Todos. Os que ligaram, os que tuitaram, os que feiçaram, os que emailzaram, os que mandaram bilhetes, cartas, telegramas (ainda há telegrama minha gente!), os que mandaram ofícios e até sollidariedade pelo tempo que venho gastando no mundo, ao meu coração vagabundo faz parecer um enorme exemplo de sinceridade, de generosidade, repito, de gentileza, de carinho. E o que dizer a quem faz isso com e por você?
Só posso imaginar uma oração de agradecimento, um cheiro, uma comunhão fora da missa de domingo, um abraço apertado, um beijo, ou ainda um simples e verdadeiro pensamento, sentimento de paz ouvido lá atras,no tempo: A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. Franz Kafka. Calma, eu não vou virar barata!

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