"Espero mais estabilidade no Brasil após as eleições do próximo ano"
Entrevista a Antonio Tajani, presidente do Parlamento Europeu
De
regresso de uma reunião preparatória da cimeira União
Europeia-Comunidade de Estados da América Latina e Caraíbas, marcada
para outubro em El Salvador, o presidente do Parlamento Europeu explicou
que as suspeitas de corrupção que pesam sobre o presidente Michel Temer
são "um problema para os juízes resolverem". Numa conversa telefónica
com o DN, o italiano Antonio Tajani mostrou-se ainda preocupado com a
violência na Venezuela.
A investigação ao presidente Michel Temer por suspeitas de corrupção vai afetar as ligações da UE ao Brasil?
Esse
é um problema para os juízes resolverem. Não é tarefa nossa lutar
contra a corrupção no Brasil. Para nós o importante é garantir que há
estabilidade no Brasil, porque é um dos países mais importantes na
América do Sul. Se não houver estabilidade, para nós na União Europeia, é
difícil trabalhar bem e ter boas relações com o Brasil. É complicado
fazer bons negócios na América do Sul se não houver estabilidade. Depois
de muitos anos bons, a situação no Brasil tornou-se muito complicada.
Mas espero mais estabilidade a partir do próximo ano, depois das
eleições. E nessa altura irei convidar o presidente do Brasil para fazer
um discurso no Parlamento Europeu.
As agências de notação ameaçam baixar o rating do Brasil. A corrupção pode trazer problemas à economia brasileira?
Como
disse, a corrupção é um problema para os juízes tratarem. Mas nós
queremos trabalhar com o Brasil. Quando era comissário europeu da
Indústria e do Empreendedorismo trabalhei com o Brasil. Há investimento
europeu no Brasil.
Outro
motivo de preocupação na América Latina é a Venezuela. A União Europeia
pediu o fim da violência contra os manifestantes e prometeu usar "todos
os instrumentos ao seu dispor". Que instrumentos são esses?
Temos
de fazer um apelo à democracia e contra a violência. Meter
manifestantes na prisão não é democracia. Para nós os valores humanos e o
reforço da democracia são as nossas prioridades. A situação na
Venezuela está muito complicada e muito perigosa. Isto não é democracia.
A violência que foi atingida contra os estudantes. Queremos diálogo. Os
esforços do senhor [José Luis] Zapatero têm sido muito úteis, há
esforços do Vaticano. O Parlamento Europeu aprovou várias resoluções a
favor do reforço da democracia, contra a violência usada pelo regime, o
regime do senhor Maduro.
Na
Colômbia, depois do acordo de paz, a integração dos ex--combatentes das
FARC é um grande desafio. A UE pode ajudar nesse processo?
O
acordo de paz entre as FARC e o governo da Colômbia é muito importante
para a estabilidade naquele país. A Colômbia é um dos países mais
importantes na América do Sul, com o Brasil, a Argentina. Mas claro que
há este desafio. Nós apoiamos o acordo de paz, apoiamos a estabilidade
na Colômbia.
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