Bom dia
Fogo amigo
O advogado José Yunes, amigo de fé e irmão camarada de Michel Temer,
abriu fogo na direção do ex-amigo de fé e ex-irmão camarada. Disse ter
recebido e encaminhado uma caprichada propina da Odebrecht a Eliseu
Padilha, ligadíssimo a Temer (em seu Governo chegou a ministro) - e
ainda por cima o pacote teria sido levado a seu escritório pelo doleiro
Lúcio Funaro, frequente personagem das investigações da Lava Jato.
Padilha é amigo de Temer, o mais próximo a ele; mexeu com um, mexeu com
outro. Mas Yunes foi mais longe: disse que Temer tinha conhecimento do
repasse do dinheiro.
Não
podia ser pior? Podia: nesta quarta-feira de Cinzas, o ministro Herman
Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, relator do processo que pode
levar à cassação da chapa Dilma-Temer, vai a Curitiba ouvir Marcelo
Odebrecht e dois outros delatores da empresa sobre o financiamento à
campanha de ambos.
Temer na mira
A acusação examinada pelo TSE é de que Temer, como vice na chapa de
Dilma, é igualmente culpado de todas as violações à lei ocorridas na
campanha. Caso isso tenha ocorrido, a chapa inteira é cassada e Temer
perde o cargo. A defesa de Temer é que, embora companheiros de chapa,
cada um conduziu sua própria campanha, e o vice não participou de
eventuais ilegalidades patrocinadas pela líder da chapa. Pelo sim, pelo
não, Temer gostaria de ver o processo andar devagarzinho, sem ameaçar
sua posição de presidente da República. Já o ministro Herman Benjamin
quer concluir logo o processo. Ele já disse que o processo não pode
durar indefinidamente.
O atirador
O ministro Herman Benjamin poderia retirar, dos abundantes depoimentos
já prestados pelo pessoal da Odebrecht, os trechos que interessarem ao
processo. Mas preferiu interrogar pessoalmente os principais delatores,
para apurar todos os detalhes possíveis. Poderia também ouvir os
depoentes por videoconferência, mas preferiu ir a Curitiba para ouvi-los
pessoalmente. Temer não está gostando da rapidez com que o caso anda
nem com a busca do ministro por detalhes das propinas.
E, cá entre nós, faz bem em preocupar-se.
Pressa?
Temer só não pode reclamar da pressa. Daqui a pouco, termina seu
mandato sem que o caso seja examinado. Benjamin tem de acelerar, sim.
Opinião do Brickmann.
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