Entrevistadoras de pesquisa inédita sobre violência doméstica têm aula inaugural
Pesquisadores
ministraram, na manhã desta segunda-feira (28), no auditório da
Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC), a
aula inaugural da Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher (PCSVDFMulher), do Programa de
Pós-Graduação em Economia (CAEN) da UFC, em parceria com o Instituto
Maria da Penha (IMP).
O treinamento, que terá
duração de 40h/aula, é direcionado a 45 entrevistadoras que vão visitar,
de abril a julho, residências de mais de mil famílias que moram em
Fortaleza. O projeto vai ser aplicado nas nove capitais do Nordeste. A
capacitação inclui palestras de pesquisadores sobre temas como ética na
pesquisa e violência contra a mulher e também aulas técnicas sobre
coleta de dados, a serem conduzidas por representantes da empresa
Datainfo.
A ativista pelos direitos das
mulheres Maria da Penha, diretora do Instituto Maria da Penha, apontou
que ainda há muito a ser conquistado do ponto de vista de garantias do
poder público para as mulheres em situação de violência. "A minha
expectativa é que o resultado dessa pesquisa nos traga a oportunidade de
sensibilizar os gestores públicos. Uma lei somente no papel não vale
nada", declarou, referindo-se às consequências da Lei Maria da Penha,
que completa 10 anos em agosto.
Veja outras imagens da aula inaugural no Flickr da UFC: https://goo.gl/Y2q9jf
O
Reitor da UFC, Prof. Henry Campos, declarou que a Universidade fará um
evento comemorativo na Reitoria, em agosto, para celebrar a primeira
década da Lei Maria da Penha. "São 10 anos da Lei, mas deveríamos ter
muito mais efeitos práticos dessa legislação", destacou. "Logo que o
Prof. Raimundo nos trouxe esse projeto, nós o acolhemos com entusiasmo.
Trazer essa pauta para a formação dos nossos alunos e dar uma resposta
para a sociedade é papel da Universidade", completou.
O
coordenador do projeto, Prof. José Raimundo Carvalho, salientou a
multidisciplinaridade da iniciativa e o diálogo com instituições
nacionais e internacionais que estudam a temática. "É um projeto
multidisciplinar que envolve antropólogos, sociólogos, estatísticos,
economistas, pessoas do Direito. É um chamamento para quem estiver
interessado no tema. A gente está fazendo isso com o objetivo que,
muitas vezes, é esquecido por nós, cientistas. A Ciência tem que chegar
na ponta, na população", ressaltou.
A
vice-presidente do Instituto Maria da Penha, Regina Célia Barbosa,
ministrou a aula inaugural do curso e disse ser necessário que o País
discuta abertamente causas e consequências da violência contra a mulher
em suas múltiplas nuances. "De forma científica e bem criteriosa, vamos
dar início a um processo que é inédito em nosso País na perspectiva que
vamos relacionar a questão do pacto da violência provocado contra a
mulher, não somente da violência doméstica, mas no setor do trabalho,
nas questões socioeconômicas, no dia a dia", atestou.
TREINAMENTO
– Entrevistadoras dos nove estados do Nordeste vão ser treinadas para
uma pesquisa a ser feita nas casas de 10 mil famílias. A primeira etapa
da consulta será realizada de abril a agosto. Um ano depois, a pesquisa
vai ser repetida para que os dados coletados em 2016 e 2017 sejam
cruzados. Como resultado da iniciativa, explica o Prof. José Raimundo
Carvalho, os pesquisadores devem promover workshops e estudos divulgando
os dados obtidos no levantamento.
A
metodologia da pesquisa também é inovadora, porque vai ser conduzida
integralmente de forma digital, sem a necessidade de papéis. Cada
pesquisadora contará com um tablet conectado a uma nuvem de dados,
desburocratizando todo o processo de coleta de informações. A pesquisa é
financiada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, da
Presidência da República.
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