Uma
história de amor
Em 1969, estávamos
cursando o 2º ano da Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV, no Rio de
Janeiro. Morávamos numa “república” de estudantes. No final de um sábado, Heitor,
um dos colegas do “condomínio da solidão”, chamou-nos para tomarmos um
“choppinho”. Fomos. “Jogando conversa fora”, Heitor falou-nos sobre Drummond, Guimarães Rosa,
Pedro Nava e outros expoentes da cultura das Minas Gerais, sua Terra. Além de excelente economista, conhecia
com profundidade literatura, principalmente, a mineira. Dentre outros assuntos,
falou-nos também, de forma sentimental e poética sobre sua querida Maria,
ressaltando que uma separação involuntária, forçada por familiares, havia
ocorrido em suas jovens vidas. Num guardanapo escreveu, em quatro estrofes, o
belo poema “Tristeza Lírica”: 1- Como é difícil! Não suporto a tua ausência.
Ainda te encontrarei, espero. Mesmo com a certeza do teu desamor. 2- Só penso
em você. A vida vem me magoando. Será que compensa viver? Maria, creio ser
sonhador. 3- A melancolia domina meu coração. A esperança desaparece como
fumaça. Deixando-me sem ação. 4- Não mais resisto esta dor. Não consigo te
esquecer. É um suplício, a falta do teu amor. O tempo passou. Coisas do
destino: soubemos que Maria e Heitor encontraram-se, por acaso, após quase
cinco décadas sem nenhum contato. Ambos viveram bem em seus casamentos, porém a
viuvez havia chegado para os dois. Ressurgiu o amor à primeira vista. Apesar de
“setentões”, casaram-se e conquistaram a felicidade perdida há cinquenta anos.
Como disse Pedro Nava: “a vida é um romance sem enredo”.
Gonzaga Mota
Professor
aposentado da UFC-Ex Governador do Ceará e meu amigo
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