Do Diário de Notícias de Lisboa

"Japonês bonzinho" vai ser rei das máscaras de Carnaval

Fábricas de máscaras apostam na imagem do “japonês bonzinho” e no senador Delcídio do Amaral
Foliões do Rio de Janeiro vão disfarçar-se de personagens da Lava-Jato neste ano. De resto, macacos, monstros e palhaços. Mas a data da festa não está a ajudar nas vendas.
A operação Lava-Jato domina os noticiários, as conversas de rua e, por consequência, o Carnaval do Rio de Janeiro. As principais personagens da ação policial que investiga o escândalo do petrolão, em torno da petrolífera estatal Petrobras, lideram as vendas de máscaras nas lojas especializadas em fantasias espalhadas pela Cidade Maravilhosa. Entre todas elas, Newton Ishii, conhecido como o "japonês bonzinho" ou o "japonês da federal", comanda destacado.
"Confirmo que o "japonês bonzinho" é quem tem mais procura neste ano", disse ao DN Olga Valles, a dona da empresa Condal, uma das mais tradicionais do Rio na confeção de imagens, fantasias e máscaras de Carnaval. O "Japonês Bonzinho" de quem toda a gente fala é um agente da polícia, de origem japonesa, que tem aparecido ao lado dos presos mais mediáticos da Lava-Jato a cada detenção e é alvo de memes sem parar na internet. Conhecido inicialmente pelo grande público como "japonês da federal", por pertencer à polícia federal, ganhou mais tarde o epíteto "bonzinho" por ser assim chamado numa gravação que levou à detenção do senador em exercício Delcídio do Amaral, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Amaral, dono de uma farta cabeleira branca que o identifica facilmente, é outra das máscaras mais procuradas, conta Olga Valles, natural de Barcelona e emigrada há 22 anos no Rio de Janeiro. De resto, os do costume: José Dirceu, que já fora um sucesso de vendas durante o julgamento do mensalão, escândalo de compra de deputados que precedeu em mediatismo o petrolão e voltou a ser envolvido nesta ação, e Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados que faz oposição à presidente Dilma Rousseff e também já foi citado cinco vezes no escândalo do petrolão. Além, claro, de Lula da Silva e da própria Dilma Rousseff.
"Lula e Dilma têm sempre mais ou menos regular porque um e outro andam sempre nas televisões e nos jornais na qualidade de ex-presidente e presidente", sublinha Valles, empresária de 57 anos. No entanto, há ausências notadas: Sérgio Moro, o jovem juiz que é considerado por boa parte dos brasileiros o herói da Lava-Jato, nem sequer vai ter máscara. "Porque ele raramente aparece, é muito reservado, preserva-se imenso", justifica a comerciante.
Caso especial
Outro caso especial é o de Nestor Cerveró, talvez o mais mediático dos ex-quadros da Petrobras que estão envolvidos na Lava-Jato, na qualidade de delator - foi o filho dele quem gravou Delcídio Amaral e foi Nestor quem, em depoimentos sucessivos, envolveu os nomes de Lula e Dilma mas também de Collor de Mello e de elementos do governo de Fernando Henrique Cardoso, ou seja, quatro presidentes do Brasil.
"Os advogados de Cerveró não nos deixaram usar porque, já tendo saído de um cargo relevante na Petrobras, não é considerado uma figura pública e pode ter a imagem preservada", conta Olga. Acresce que Cerveró sofre de um problema físico - num olho -, o que poderia criar uma situação constrangedora. Também, por não ser considerado figura pública, o "japonês bonzinho" será retratado sem detalhes que o especifiquem: "Faremos apenas uma máscara de um oriental..."
A procura, diz a comerciante, é sempre difícil de prever, no entanto: "Por exemplo, há três anos fizemos 15 mil máscaras do Joaquim Barbosa, agora temos pouquíssimas encomendas." Joaquim Barbosa foi o juiz relator do Supremo Tribunal Federal durante o julgamento do mensalão, em 2013.
Em entrevista ao jornal O Globo, Gilvan dos Santos, dono de uma loja de fantasias, a Casa Turuna, sublinha as sobras de máscaras do ano passado de Marina Silva, candidata presidencial em 2010 e 2014 mas que não conquistou o coração dos foliões.
Nem só de máscaras de políticos - ou polícias - vive o Carnaval do Rio de Janeiro. "Máscaras de macacos, de pânico, de monstros e de palhaços são sucessos sempre garantidos", afirma Olga Valles.
Embora, no conjunto, se tenha notado até ao momento uma quebra na ordem dos 30% nas vendas, dada a recessão no país. "Porque o Carnaval é muito no início de fevereiro, ou seja, sem intervalo grande para o Natal...", diz a empresária. E Gilvan dos Santos acrescenta que, "da maneira que o país está a ser gerido, as pessoas neste ano até perdem a vontade de usar máscaras de políticos ou outra coisa qualquer".
Fábricas de máscaras apostam na imagem do “japonês bonzinho” e no senador Delcídio do Amaral
Foliões do Rio de Janeiro vão disfarçar-se de personagens da Lava-Jato neste ano. De resto, macacos, monstros e palhaços. Mas a data da festa não está a ajudar nas vendas.
A operação Lava-Jato domina os noticiários, as conversas de rua e, por consequência, o Carnaval do Rio de Janeiro. As principais personagens da ação policial que investiga o escândalo do petrolão, em torno da petrolífera estatal Petrobras, lideram as vendas de máscaras nas lojas especializadas em fantasias espalhadas pela Cidade Maravilhosa. Entre todas elas, Newton Ishii, conhecido como o "japonês bonzinho" ou o "japonês da federal", comanda destacado.
"Confirmo que o "japonês bonzinho" é quem tem mais procura neste ano", disse ao DN Olga Valles, a dona da empresa Condal, uma das mais tradicionais do Rio na confeção de imagens, fantasias e máscaras de Carnaval. O "Japonês Bonzinho" de quem toda a gente fala é um agente da polícia, de origem japonesa, que tem aparecido ao lado dos presos mais mediáticos da Lava-Jato a cada detenção e é alvo de memes sem parar na internet. Conhecido inicialmente pelo grande público como "japonês da federal", por pertencer à polícia federal, ganhou mais tarde o epíteto "bonzinho" por ser assim chamado numa gravação que levou à detenção do senador em exercício Delcídio do Amaral, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Amaral, dono de uma farta cabeleira branca que o identifica facilmente, é outra das máscaras mais procuradas, conta Olga Valles, natural de Barcelona e emigrada há 22 anos no Rio de Janeiro. De resto, os do costume: José Dirceu, que já fora um sucesso de vendas durante o julgamento do mensalão, escândalo de compra de deputados que precedeu em mediatismo o petrolão e voltou a ser envolvido nesta ação, e Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados que faz oposição à presidente Dilma Rousseff e também já foi citado cinco vezes no escândalo do petrolão. Além, claro, de Lula da Silva e da própria Dilma Rousseff.
"Lula e Dilma têm sempre mais ou menos regular porque um e outro andam sempre nas televisões e nos jornais na qualidade de ex-presidente e presidente", sublinha Valles, empresária de 57 anos. No entanto, há ausências notadas: Sérgio Moro, o jovem juiz que é considerado por boa parte dos brasileiros o herói da Lava-Jato, nem sequer vai ter máscara. "Porque ele raramente aparece, é muito reservado, preserva-se imenso", justifica a comerciante.
Caso especial
Outro caso especial é o de Nestor Cerveró, talvez o mais mediático dos ex-quadros da Petrobras que estão envolvidos na Lava-Jato, na qualidade de delator - foi o filho dele quem gravou Delcídio Amaral e foi Nestor quem, em depoimentos sucessivos, envolveu os nomes de Lula e Dilma mas também de Collor de Mello e de elementos do governo de Fernando Henrique Cardoso, ou seja, quatro presidentes do Brasil.
"Os advogados de Cerveró não nos deixaram usar porque, já tendo saído de um cargo relevante na Petrobras, não é considerado uma figura pública e pode ter a imagem preservada", conta Olga. Acresce que Cerveró sofre de um problema físico - num olho -, o que poderia criar uma situação constrangedora. Também, por não ser considerado figura pública, o "japonês bonzinho" será retratado sem detalhes que o especifiquem: "Faremos apenas uma máscara de um oriental..."
A procura, diz a comerciante, é sempre difícil de prever, no entanto: "Por exemplo, há três anos fizemos 15 mil máscaras do Joaquim Barbosa, agora temos pouquíssimas encomendas." Joaquim Barbosa foi o juiz relator do Supremo Tribunal Federal durante o julgamento do mensalão, em 2013.
Em entrevista ao jornal O Globo, Gilvan dos Santos, dono de uma loja de fantasias, a Casa Turuna, sublinha as sobras de máscaras do ano passado de Marina Silva, candidata presidencial em 2010 e 2014 mas que não conquistou o coração dos foliões.
Nem só de máscaras de políticos - ou polícias - vive o Carnaval do Rio de Janeiro. "Máscaras de macacos, de pânico, de monstros e de palhaços são sucessos sempre garantidos", afirma Olga Valles.
Embora, no conjunto, se tenha notado até ao momento uma quebra na ordem dos 30% nas vendas, dada a recessão no país. "Porque o Carnaval é muito no início de fevereiro, ou seja, sem intervalo grande para o Natal...", diz a empresária. E Gilvan dos Santos acrescenta que, "da maneira que o país está a ser gerido, as pessoas neste ano até perdem a vontade de usar máscaras de políticos ou outra coisa qualquer".

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