Opinião
2016, O ANO
EM QUE VIRAREMOS ATLETAS
Marli Gonçalves
Atletas
batendo recordes. Isso é o que nós todos, brasileiros, seremos em 2016. Vamos fazer um exercício, sem trocadilho, porque é
exercício, sim, mas de imaginação. A ideia é boa para agora logo depois do Natal, depois de tantas gordices ingeridas e a
repetição contínua daquela certa culpa - "ai, comi demais". Você fez isso sim, mas ou porque a comida era boa ou até
para ver se espantava o tédio desse final de ano tão sem graça. Agora a hora é de preparação para a corrida
de obstáculos mês a mês que está no horizonte. Olhe para lá.
O
exercício é a preparação mental, física e respiratória para percorrer
com elegância a raia
olímpica e nadar de todas formas, peito aberto, revezamento de
ministros, borboleta para os mais sensíveis. Melhor. Precisaremos ser
atletas mais completos, que unam duas ou três forças. Categoria
sobressaltos e notícias esquisitas todos os dias. Mais
cabo-de-guerra com esses dois lados imbecis a que estamos sujeitos, como
se fosse assim só o bem, só o mal, caprichoso versus garantido,
coca-cola ou pepsi, vermelho ou azul, verde ou amarelo, praia ou
montanha.
Temos boas formas de treinar. Aquáticas, com as enchentes invariáveis de verão e bocas-de-lobo abertas, e entupidas. Corrida de
obstáculos, canoagem. Árvores caindo, luz que se apaga durante horas, e às cegas vamos seguindo fazendo ginástica. Salto
no solo, aguentando malas sem alça. Na rítmica agitaremos bandeiras nas ruas graciosamente, além dos laços, cordas e fitas
baratas com as quais renovaremos nossas roupas a preços mais módicos.
Além dos saltos, assaltos e sobressaltos, surgirão várias modalidades de atletismo na pista. Maratonas. Marchas, que podem
até ser atléticas, mas estarão buscando algo. Além de cuspir fogo, teremos arremesso de dados no ar e a gente não
vai saber bem o que fazer com eles. Para acertar o alvo, serão dardos. Nós iremos esgrimindo, espadas que estão sobre nossas
cabeças.
Arremesso de discos teremos também, principalmente se continuarem
lançando essas celebridades instantâneas barulhentas que vêm, gritam muito alto cantando nos nossos ouvidos à The Voice, e
somem na mesma toada. Ping-pong.
Ciclismo, nem preciso dizer que é
categoria especial principalmente aqui em São Paulo, onde ciclistas
andam se sentindo os em-po-de-ra-dos - (ai, desculpa, juro que precisei
usar essa palavra, mas a ouça bem irônica) - e junto com os motoqueiros
concorrem na infernal casa da mãe joana que tornam as
ruas. Fazem o que querem, adoram ultrapassar pela direita, não param nos
sinais e ainda tentam fazer manobras bem aos seus pés, junto
com os skatistas que também adorariam fazer strike humano usando o seu
corpinho. Não esquecer as valetas, as calçadas
esburacadas. E as poças d´água e cocozinhos.
Levantamento de
pesos, mas só se fosse na Argentina. Aqui é de reais que a toda hora tentaremos achar nos bancos ou calcular seu valor diante do
mundo.
Brincadeiras à parte, 2016 chegou. Não pode e não vai ser
ruim não. Vamos ter Carnaval, vamos ter coisas boas, vamos ter Olimpíadas. Precisaremos só tentar ser mais modernos para receber
o mundo que vai olhar para cá, de novo. Mico já pagamos na Copa.
Nossa política está atrasada e atrasando nossa vida, e a gente tem de
correr atrás dos nossos recordes e sonhos. Vamos fazer mais
reflexões para sair dessa. A luta é livre.
No alvo, 2016,
Brasil
Marli Gonçalves é jornalista - - Treinando. Mais de 10 mil
passos por dia é a meta diária. Adorando o aplicativo de celular que mede até isso..
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