Opinião
UMA
NOVA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
Desconhecer os avanços da educação no
Brasil nestes últimos anos, é arraigar-se a preconceitos ideológicos tão
superados, que deixa os que assim pensam
classificados dentre os míopes fanáticos.
É certo que temos muito chão a percorrer:
professores despreparados e mal remunerados, escolas com estrutura
arquitetônica e pedagógica aquém do desejado e outras tantas deficiências que
certamente merecem mais atenção do poder público.
Mas, se existem inúmeras falhas, há também
grandes conquistas a serem celebradas. Citaria de passagem: o Plano Nacional de
Educação, os Planos Estaduais, o Sistema Estadual, a Base Nacional Comum
Curricular e outras tantas iniciativas exitosas, que reclamam nossos calorosos
aplausos.
No entanto, não estou me propondo a esta
análise, procuro ir mais fundo pretensiosamente, ser escafandrista lançando um
olhar filosófico sobre a educação na sua integralidade.
Não basta que a educação se esforce para
ser uma prática social. A educação deve ser uma prática que capacita o indivíduo a descobrir o seu próprio SER e exercitá-lo a viver de forma autônoma
e madura na sociedade convivendo de igual para igual com seus semelhantes.
Precisa ser tratada como algo de primeira categoria, deixar de ter importância
subalterna, tornar-se um setor prioritário, tratada com seriedade, com recursos
suficientes que a permita superar a graves desafios porque passa o País.
A educação além de ser síntese de
mentalidade e culturas deveria expressar um fato fundamental vasado em três contextos
principais: no da reflexão sobre a realidade: ontologia; no do mundo e seu
fundamento: cosmologia; no do homem: antropologia; com interferência de um em
outro que mostram que, na realidade, nos três contextos se reflete o próprio
fato perceptível a partir dessa tríplice dimensão.
É destes fundamentos que nasce a
democratização da Escola, a integração escola-comunidade, um novo e mais humano
relacionamento entre professores e alunos.
A esta altura abre-se o caminho da relação.
Relação não estática, mas dinâmica, ativa, criadora. A escola deixa de ser um “locus“
para se transformar numa inquietude que penetra todos os seguimentos da
sociedade, envolvendo-a com a ânsia de SER construtora de um porvir que está no
processo de vir a ser, no in fieri.
O aluno não vai a Escola por obrigação, a freqüenta
como parque onde baila a inteligência criadora, o novo está acontecendo, onde
se sente protagonista da história do seu meio, do seu ambiente, do seu cosmos.
O professor é o estimulador da curiosidade
latente daquele jovem, semente do cientista de amanhã, do pesquisador, do que
sente prazer no conhecimento.
Entra-se para o mundo mágico do saber
dinâmico que contagia lares e sociedade. É a comunidade toda que ingressa para
o mundo da reflexão, da participação, do construir juntos: escola, aluno,
professor, lar, sociedade o grande desafio do transformar o homem, o cosmos, o
ser individual e coletivo do meio.
A educação sendo simultaneamente, uma
prática social e filosófica, não se restringe a ser puramente livresca,
teórica, assume compromisso com a realidade local e com o mundo em que vivemos.
Á educação cabe, assumir compromisso claro e esforço constante que contribua
para eliminação da miséria, da fome, das desigualdades sociais e ser pioneira
de uma sociedade justa e equânime.
Gestora de ideias, a educação se transforma
na sentinela avançada para gerar novas práticas, criar novos rumos, eliminar o
arcaísmo fisiológico do EU, para fazer surgir um NÓS, generoso, fraterno e coletivo.
A educação deixa a sala de aula e sai
contagiando todos os seguimentos: políticos, religiosos, sociais, em síntese o
mundo global e holístico que nos cerca.
Pe.
José Linhares Ponte
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