Os direitos, deveres e pecados de A Onde É


Salmito revela diálogo com vereador A Onde É
O presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, Salmito Filho (Pros), informou que já teve um encontro, na semana passada, com o vereador Antônio Farias de Sousa – conhecido como “A Onde É” –, para debater a situação do parlamentar dentro do Legislativo municipal. Em conversa, Salmito garantiu para “A Onde É” que todos os direitos regimentais serão respeitados. Mas o presidente do Legislativo garante ter ressalvado que também serão cobrados todos os seus deveres como vereador. Salmito destacou que irá publicar os prazos regimentais para que não haja dúvidas a respeito do processo de cassação do mandato.
“A Onde É” foi denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MP-CE) por, segundo as investigações, tomar para si o salário de assessores de seu gabinete. Além disso, o vereador ainda é acusado pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.  Além do vereador, foram denunciadas mais 14 pessoas que trabalhavam no gabinete do parlamentar, dessas, 11 eram familiares do chefe de gabinete de “A Onde É”. De acorda as investigações, o parlamentar desviou mais de R$ 800 mil de verba destinada a pagamento de assessores parlamentares.
O presidente do Legislativo ressaltou que “nunca na história” da Câmara de Fortaleza um vereador em exercício havia sido preso. “Nunca antes na história de Fortaleza nós tivemos um vereador em exercício de mandato preso. A população cobra. E cobra com razão as respostas da Câmara Municipal. Vários vereadores me perguntaram qual seria minha forma de agir em relação a isso, por isso fiz questão de receber o vereador e esclarecer todos os seus direitos”, justificou Salmito.
Durante a reunião, “A Onde É” foi informado de que o processo já está sendo analisado pelo Conselho de Ética da Câmara. “Eu falei para o vereador, com a mesma serenidade e mesma tranquilidade  quando eu disse que todos seus direitos serão garantidos, que o Conselho agirá com total autonomia. O parecer irá ao plenário e os parlamentares irão decidir se ele será absolvido ou de fato se ele será cassado. Então, mostrando assim total transparência sobre o caso”, enfatizou.

PRAZOS
Sobre os prazos regimentais, Salmito explica que irá publicar, no site da Câmara Municipal, quais os prazos para cada passo do processo. A ideia é garantir que tanto a sociedade quanto o vereador “A Onde É” fiquem a par de tudo o que estiver acontecendo a respeito do caso.  “Eu já pedi isso a todos os membros do Conselho e já falei para o vereador A Onde É que vou publicar quais são os prazos, até em uma forma de tabela, para ficar bem didático e não haver dúvidas. Há critérios e normas estabelecidas para um caso como este”, pontuou.
O Estado apurou que a Comissão de Ética deve realizar uma reunião no próximo dia 3 de fevereiro para deliberar sobre o caso do vereador “A Onde É”. Após essa reunião, o relator do caso, o vereador Deodato Ramalho (PT) deve encaminhar uma cópia da denúncia para o parlamentar investigado no processo. Na sequência, “A Onde É” terá o prazo de 15 dias para apresentar sua defesa.

VOLTA AO TRABALHO
“A Onde É” pode voltar a qualquer momento à sua função de vereador na Câmara, já que o afastamento imposto pelo juiz da 18ª Vara Criminal expirou no último dia 21 de janeiro e não foi prorrogado. A expectativa é que o vereador participe da primeira sessão parlamentar, após o recesso, que está marcada para o dia 2 de fevereiro. Apesar de ainda não ter retomado seu trabalho, “A Onde É” já está se reunindo diariamente com sua nova equipe de assessores. A informação foi confirmada pelo advogado do parlamentar, Leandro Vasques. O vereador teve que reformular toda sua assessoria, após as denúncias do MP-CE.

DEPOIMENTO
“A Onde É” irá prestar depoimento, hoje, na Delegacia de defraudações, na qualidade de vítima. Vasques explica que a defesa requereu a abertura do inquérito policial para investigar um suposto “golpe” sofrido por “A Onde É” na compra de oito apartamentos de luxo no Meireles. Segundo a defesa, o ex-assessor do vereador, Auricélio Paiva, teria aconselhado “A Onde É” a tomar empréstimo de R$ 100 mil para pagar duas parcelas dos empreendimentos. Depois de dois repasses de R$ 80 mil, no entanto, teria sido constatado que nenhum dos valores foi repassado à construtora. “O vereador fez o empréstimo como pessoal física, isso já desmonta um dos argumentos do MP de que ele teria usado dinheiro público”, apontou Leandro.

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