MPF investiga denúncia de gestão fraudulenta em empréstimos a dono da Itaipava
Ministério Público Federal requisitou abertura de inquérito pela Polícia Federal e pediu informações ao Banco do Nordeste sobre operações de empréstimo sob suspeita
O Ministério Público Federal no Ceará (MPF/CE) começou a investigar
denúncia de gestão fraudulenta no Banco do Nordeste (BNB) na concessão
de empréstimos ao empresário Walter Faria, proprietário da Cervejaria
Itaipava. De acordo com reportagem publicada pela revista Época, no
último fim de semana, o banco teria dispensado a empresa de fiança que
servia como garantia do empréstimo, aumentando os riscos para a
instituição financeira.
O caso está sendo apurando pelas áreas cível e criminal do MPF.
Nesta segunda-feira, 26, o procurador da República Edmac Trigueiro
requisitou à Polícia Federal a instauração de inquérito para apurar se
houve crime de gestão fraudulenta e identificar os responsáveis.
Já o procurador da República Oscar Costa Filho, membro do Núcleo de
Tutela Coletiva, requisitou à presidência do BNB, também nesta
segunda-feira, informações e documentos relacionados aos empréstimos no
valor de R$ 830 milhões. Ao Tribunal de Contas da União (TCU), o MPF
enviou ofício requisitando providências para apurar o caso.
A reportagem publicada na revista relata que o empresário obteve
dois empréstimos no BNB para a construção de duas fábricas na Bahia e em
Pernambuco. Meses depois da assinatura do contrato para liberação dos
recursos, o empresário teria pedido dispensa da carta-fiança que servia
de garantia da operação e teria sido prontamente atendido pelo banco. A
matéria chama a atenção também para o fato de, após a decisão da
instituição financeira, o grupo empresarial comandado por Faria ter
doado R$ 17 milhões à campanha da presidente Dilma Rousseff.
As informações e documentos requisitados pelo procurador da
República Oscar Costa Filho vão subsidiar inquérito civil público em
tramitação desde 2013 no MPF para investigar a concessão de empréstimos
realizados pelo banco. Em 2014, com base nesse inquérito, o procurador
ingressou com ação na Justiça Federal (JF) para buscar corrigir, diante
de indícios de gestão fraudulenta, a administração da liberação de
recursos. A ação encontra-se sob sigilo judicial.
Na Justiça Federal tramita ainda denúncia criminal contra
ex-gestores do Banco do Nordeste. Apontados pelo Ministério Público
Federal como responsáveis por um rombo de R$ 1,2 bilhão - desfalque
provocado após autorização de empréstimos realizados e não cobrados. O
caso também está sendo apurado em inquérito civil público instaurado
pelo órgão.
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