Na Carta Cid diz que o PMDB perdeu o pudor


Cid afirma que “governo está refém do PMDB”
O governador do Estado do Ceará, Cid Ferreira Gomes (Pros), voltou a defender a criação de uma frente de esquerda no Congresso Nacional, que segundo o chefe do Executivo cearense, teria a prerrogativa de trabalhar pela estabilidade do Executivo, por meio de um novo relacionamento com o parlamento. De acordo com Cid, o governo “está escravo do PMDB”, partido no qual rechaçou ter perdido o “pudor”. A entrevista foi concedida à revista Carta Capital.
Tendo em vista o turbilhão de acontecimentos no governo Dilma, como a Operação Lava Jato e o resultado da última eleição em que mostrou o Brasil dividido com relação à gestão petista, Cid ponderou que o Executivo precisa de uma nova forma de se relacionar com o parlamento ou, pelo menos, deve tentar “melhorá-lo”, torná-lo mais ético e transparente. “A Operação Lava Jato ajuda nesse sentido, pois fragiliza o núcleo central desse modelo de governança instituído em meados do governo Lula. Dilma tentou mudá-lo, mas teve que se render no principal”, disse.
Questionado sobre que modelo de governança se referia, respondeu tecendo críticas ao modelo de coalizão, e apontou o PT refém do PMDB. “Quais são os principais partidos da base? O PT, evidentemente, e o PMDB. Este último é um ajuntamento de seções estaduais que se unem na hora de disputar um naco do poder”, disse, ressaltando ter ocorrido nos governos de Lula e de Fernando Henrique Cardoso. “Só que, agora, o PMDB perdeu o pudor. As chantagens são feitas publicamente por quadros do partido”.
Para Cid Gomes, somente aqueles que têm uma “linha ideológica de centro esquerda” e que estejam insatisfeitos nos seus respectivos partidos, além das legendas dispostas a se alinhar integralmente, podem compor a frente. Para Cid, que, no início do mês, levou a ideia à presidente Dilma Rousseff (PT), não há, a princípio, necessidade de um partido novo. “É um processo”, disse, ponderando ser necessário primeiro, criar um bloco. “Depois, uma frente. Na medida em que as desconfianças são superadas, podemos pensar em outras formas de organização. No futuro, talvez isso se converta em num partido, com instâncias compartilhadas de poder”, destaca Cid, dando conta de que além do Pros pode aderir ao projeto o PDT, o PCdoB e parcelas do PSB.
QUIXOTESCO
Ponderando ser uma idealização a criação do partido, Cid afirma que já houve sinalizações de apoio. “Minha tarefa é quixotesca”, reverberou, assegurando que o desafio é despertar um sentimento “ideológico” de um Brasil. “Seria um realinhamento, uma nova relação do Executivo com o Congresso em cima de teses para o Brasil”, respondeu.
Na entrevista, Cid também foi questionado sobre a possível indicação para ser um dos ministros de Dilma no novo governo. “Isso é um problema. Que curinga é esse? Eu, sinceramente, não me considero um curinga”, respondeu. Conforme vem ratificando na imprensa, Cid reafirmou que o seu projeto pessoal é passar uma temporada no Estados Unidos. “Estou há 22 anos na política. Tive muitas alegrias, mas tive de fazer sacrifícios pessoais. Meu plano é trabalhar no Banco Interamericano de Desenvolvimento, que não tem a preocupação de ganhar dinheiro. O foco é social”, pontuou.

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