As surpresas da vida num mergulho à alma humana

Shakspeare, poeta e cervejeiro.

No momento em que o governo do Estado do Rio se prepara lançar a Rota Cervejeira – Serra Verde Imperial – não custa lembrar que estamos em boa companhia!

Um dos maiores gênios do Ocidente, o poeta e dramaturgo inglês William Shakspeare era filho de cervejeiro e produtor ele mesmo – além de grande apreciador – de cerveja, diz o Reinaldo em seu,dele blog.



Tanto que em sua obra (cerca de 40 peças de teatro) ele faz 14 menções à palavra "Ale" e cita cinco vezes a palavra "beer" , o que nos leva à pelo menos duas conclusões: uma é que no tempo de Shakespeare - ele viveu de 1564 a 1616 - a cerveja já era uma bebida muito popular na Inglaterra; e, a outra, é que além de gênio, o bardo de Avon gostava de uma “loura”, ainda que vagamente morna.

O que não impediu – muito ao contrário! -- que revisto e relido mais de 400 anos depois, ele tenha sido um dos maiores pensadores da Humanidade, e um desses homens-oceano que surgem de mil em mil anos para botar no papel e no palco “a dor de viver”.

Brevíssimo histórico: a adição do lúpulo à fórmula da cerveja -- produzida até então apenas pela mistura da água, malte e aromatizantes, como a camomila , o gengibre, o zimbro e o açafrão – foi introduzida pelos monges, nos anos 700 da nossa era e serviu não apenas para “puxar” o sabor para o amargo mas, e sobretudo, para evitar que a cerveja se deteriorasse rapidamente.

Graças a essa nova longevidade, a bebida se disseminou pela Europa nos séculos seguintes, sobretudo pela Inglaterra, pela Irlanda, pela Alemanha, pela Holanda e pela Bélgica – até hoje matrizes de algumas cervejas de excelente qualidade.

E Shakspeare nasceu e cresceu em Stratford Upon Avon, no século 16-17 como dissemos, nesse burgo triste e remoto (170km de Londres), imerso em cerração, chuva e frio, e que desde o seculo 11 foi transformado oficialmente em cidade-mercado. Tanto que ainda hoje as ruas se chamam “Rua das ovelhas”, “Rua da madeira”, “Rua da Lã”, “Rua dos vegetais”, por aí.
Além desse cenário, o pai do poeta – John Shakspeare – que fabricava tintas, bolsas e luvas de couro, e as vendia num balcãozinho colado à parte da frente de sua casa, ganhou bom dinheiro e acabou se elegendo vereador.

Ah! o poder. Por conta dessa edilidade, em 1556 assumiu uma posição importante no município: tornou-se o provador oficial de cerveja da cidade! Ou seja, a sua função era assegurar que os pesos, medidas e preços fossem cumpridos corretamente.
Mas, e "a favor da cerveja", mesmo bom de copo, foi graças a ele, John Shakspeare, que William, seu filho, se tornou um extraordinário precursor do Freud, mergulhando na alma humana com a pontaria de uma gaivota fisgando o seu peixe.

E isso porque foi ele que “obrigou” o menino a frequentar a escola e ter aulas de gramatica, – coisa rara para crianças não-nobres, naquele tempo. Tanto que o menino aprendeu latim, e foi para Londres, onde em pouco tempo tornou-se razoavelmente conhecido.

Lá, segundo registros de propriedades, comprou de terras e fez investimentos: virou um homem rico.
A tal ponto que, que tornou-se sócio do Globe Theatre, um empreendimento teatral que reunia grandes autores e atores e tinha por sede um edifício de forma octogonal, com abertura no centro. Detalhe: todos os papéis eram representados pelos homens, sendo os mais jovens os encarregados de fazerem os “roles” femininos.

Próspero, fazia a “ponte aérea” Londres-Stratford e em 1597, comprou a segunda maior casa de Stratford, a New Place, atrás da primeira, onde nasceu. E produzia cerveja.



Mas foi lá,também, que de 1601 a 1608, se dedicou a escrever Hamlet, Otelo e Macbeth sua trilogia de ouro.

Mas em 1613, O Globe Theatre foi destruído pelo fogo e Shakespeare teria sofrido um baque e resolvido se desligar do Globe para voltar definitivamente a Stratford, onde a família o esperava.

Morreu três anos depois, aos 52, no mesmo dia em que nasceu – 23 de abril.

Mas nenhum outro homem de teatro – antes ou depois – desceu tão fundo pelos corredores da alma humana, para depois perguntar: ser ou não ser?

Ou, no trocadilho “infame”, de um humorista inglês: to beer or not to beer?

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