A leitura dos jornais (El País da Espanha)


'El País': Cuba converge com Europa sem se aproximar dos EUA

Washington exige de Havana abertura política e não apenas medidas econômicas liberalizantes


"Nenhum dos ministros e mensageiros estrangeiros recebidos por Raúl Castro nos últimos anos — o titular das Relações Exteriores espanhol José Manuel García-Margallo esteve na ilha esta semana, mas não foi recebido pelo governante — teve indicações de que serão realizadas iniciativas oficiais nessa direção.
Enquanto isso, assim como durante a presidência de José María Aznar — correia de transmissão na Europa das políticas de endurecimento patrocinadas por George W. Bush para desencadear revoltas populares —, o governo de Barack Obama também quer aproveitar as relações fluidas entre Madri e Havana, mas em outro sentido. Faz isso para somar-se ao relaxamento latino-americano e europeu, buscando influir em seu desenvolvimento", prossegue o artigo do El País.
"Ao contrário de Bush, Obama não promove uma insurreição geral na maior das ilhas do Caribe porque as consequências seriam graves, mas tampouco renuncia a operações encobertas que estimulem descontentamentos sociais ou suficientemente intensos com o objetivo de obrigar o governo cubano a ceder poder. Acostumado à resistência, o regime mantém sua posição. No entanto, a belicosidade dos Estados Unidos perde espaço político porque a UE tem problemas mais importantes do que se envolver em uma cruzada contra o comunismo caribenho. E porque a América Latina, quase em bloco, é mais partidária de integrar a ilha em todos os fóruns democráticos regionais do que de “empurrar” para que se produzam mudanças democráticas em Cuba.
A esquerda e a social-democracia governam do Rio Grande à Terra do Fogo, e o embargo e o radicalismo dos EUA com Havana comprometem sua relação com o resto da América Latina.
O México quer recuperar sua influência histórica na estratégia ilha, debilitada durante a convergência com Washington na política externa dos Governos do conservador Partido Ação Nacional (PAN)", diz a matéria.
Como anfitrião da próxima Cúpula Ibero-americana em Veracruz, o México compensou 70% da dívida cubana para ganhar posições na classificação de sócios comerciais e políticos de Cuba e tentar se aproximar do Brasil, à frente de Colômbia e Argentina. A Venezuela lidera a relação dos aliados de Cuba. “Esperamos que se a UE assinar o acordo de cooperação política conosco, e depois do que está vendo na América Latina, Obama afrouxe um pouco”, diz um membro do Partido Comunista de Cuba (PCC), convencido de que a conjuntura internacional não favorece a continuação das políticas de isolamento e castigo historicamente aplicadas por Washington. “Já sabemos que a suspensão do bloqueio depende do Congresso, mas Obama pode fazer outras coisas, como por exemplo permitir que os norte-americanos possam viajar para Cuba”.

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