A cachaça de volta às ruas


Operários entram em conflito com a Polícia
Os operários da construção civil realizaram manifestação na manhã de ontem, 25. No terceiro dia de greve, a categoria reuniu-se em vários pontos da cidade e seguiu em passeata, tendo como local de encontro a Praça Portugal. Durante o trajeto, ao passarem pelas obras de um Shopping, no bairro Papicu, os manifestantes entraram em conflito com os policiais que faziam a segurança do local.
De acordo com o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF), Nestor Bezerra, ao entrarem na rua que dá acesso ao canteiro de obras do shopping, os trabalhadores foram recebidos a balas pelos policiais. “Na hora que chegamos na esquina, já nos assustamos. Atiraram bala de borracha, bombas de gás lacrimogênio e tudo que tinham direito. Todos nós corremos para ninguém se machucar”, conta.
Bezerra informou que muitos trabalhadores do shopping não aderiram à greve, pois foram pressionados pela empresa para ficarem no canteiro. “Muitos estão com medo de perder o emprego e, por isso, não aderiram. Outros conseguiram escapar pela rua de trás”, afirma. Segundo ele, nenhum grevista saiu ferido.
Após o confronto, os trabalhadores reuniram-se na Praça Portugal. Cerca de dois mil operários estavam presentes. De lá, seguiram caminhada até a Avenida Abolição. Policiais do Batalhão de Choque bloquearam os acessos da Avenida Beira Mar. No local, já no fim da manhã, a categoria realizou assembleia e decidiu continuar em greve geral por tempo indeterminado.
O coordenador geral do Sindicato disse que 90% da categoria está de braços cruzados. “Só não conseguimos alcançar os 100% porque não conseguimos alcançar todos os canteiros de obra. Mas, aos poucos, estamos conseguindo a adesão de todos”, explicou.
REIVINDICAÇÕES
A greve da categoria foi iniciada na última segunda-feira (23) e foi deflagrada após dificuldades de negociações com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE). Os trabalhadores reivindicam 15% de reajuste salarial, cesta básica de R$ 150, plano de saúde, um acréscimo de 5% de vagas exclusivamente para mulheres nos canteiros de obras, hora extra no trabalho aos sábados de 100%, auxílio-creche, auxílio-combustível e a criação do Dia do Trabalhador da construção civil.
O coordenador do STICCRMF afirmou que a greve continua. “Não temos arma. A nossa arma é a paralisação”, argumenta Bezerra, acrescentando, ainda, que hoje acontecerão novas manifestações nos mesmos lugares das últimas.  “Vamos nos encontrar na Praça Portugal e, de lá, decidiremos nosso destino”, avisa.
Em nota, o Sinduscon-CE lamenta a postura violenta das manifestações. “Até o momento, foram registrados mais de 65 invasões de canteiros, com agressões físicas aos trabalhadores destas obras, furtos e depredação de bens materiais, realizados sob a coordenação do STICCRMF, ligado ao movimento CSP-Conlutas (PSTU)”. Afirma, ainda, que “o Sinduscon-CE entende que os atos de nada contribuem para um entendimento entre as partes, que possuem o mesmo objetivo: um justo acordo coletivo para a categoria”.
De acordo com o Sinduscon, foi o STICCRMF que abandonou a mesa de negociações e optou por manifestações públicas, insistindo em manter na pauta reivindicações que dificultam o diálogo. “As empresas da construção civil apresentaram propostas de aumento real, com 7,84% de reajuste no piso, além de outros benefícios”. O Sinduscon informou, ainda, que propôs reajustes para cada categoria, além de benefícios como reajuste de 23% no auxílio- -alimentação; participação nos resultados, que equivale a um 140 salário; jornada de trabalho reduzida de 42,5 horas; seguro de vida, dentre outros.
CAMILA VASCONCELOS
Da Redação

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