Conferência apresenta modelos de sucesso no combate à seca


Repensando a forma de utilização de terras secas, ou produzindo materiais de baixo custo, a Conferência ILACCT apresentou resultados que melhoram a vida nas regiões secas
A última mesa redonda da Conferência Científica Iniciativa Latinoamericana e Caribenha de Ciência em Tecnologia no Combate à Desertificação (ILACCT) apresentou as “Experiências exitosas de convivência com as terras secas”. As apresentações contaram com trabalhos realizados na Argentina e no sertão brasileiro, em municípios como Pernambuco e Ceará. São ações variadas, como trabalhos sociais e de uso de equipamentos de baixo custo para melhorar a convivência com as terras secas.
O trabalho do engenheiro pernambucano José Padilha foi iniciado na década de setenta e procura utilizar as ações da natureza para combater os efeitos da estiagem. Métodos simples, como a construção de barragens feitas de pedra, sem argamassa e em formato de arco romano, auxiliam no armazenamento da água não só na superfície mas no solo. Por gravidade, a água armazenada é distribuída para o consumo de animais e irrigações mesmo durante períodos de fortes estiagens.
Natália Gedanke, do Ministério da Ciência e Tecnlogia, apresentou trabalho desenvolvido na região de Mendonza (Argentina), em que criou dinâmicas de investigação para analisar as tecnologias utilizadas no solo, as construções sociais existentes e a análise dos processos de concentração de terras. Segundo ela, ocorre uma patrimonialização das terras na região, com uso indiscriminado, o que prejudica e desgasta o solo.
Experiências cearenses
A forte salinização da água encontrada no subsolo cearense, um dos empecilhos para seu uso, é tratada com produtos que retiram o cálcio e o magnésio da água, responsáveis pela “dureza”, a salubridade, do líquido. Segundo Lindomar Damasceno, da empresa Polyclay-Nanotech, é adicionado um mineral, intitulado Douce Aqua, que consegue tornar a água potável. O projeto de um dessanilizador, feito à base de argila, produto encontrado mais facilmente no Nordeste, também apresentado na Conferência, reduz os custos de fabricação do equipamento, podendo aumentar sua aquisição em comunidades com o problema da salinização.
Outros trabalhos exitosos na região cearense foram os do Projeto Cabra Nossa, cuja ideia central é entregar uma cabra a uma família carente e realizar o acompanhamento, utilizando a produção de leite no combate à desnutrição, além de fomentar fonte de renda com a venda de insumos caprinos. A ideia, aparentemente simples, mas fomentada no acompanhamento das famílias, já recebeu prêmios, como o Certificado de Desenvolvimento do Milênio em 2012, e o Prêmio de Inovação em Saúde Pública.
A moradora de Crateús, Emília Pereira Jatobá, apresentou o projeto Mata Verde. Ela mostrou como é possível fazer o reuso da água na Comunidade Jatobá, em Crateús (CE), e o reaproveitamento do lixo, utilizando-o, depois de feita a compostagem, como adubo nas terras. As ações simples proporcionaram à comunidade o plantio de verduras e árvores frutíferas, a baixo custo.

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