Empresa de fachada desviava dinheiro

O Ministério Público do Estado do Ceará (MP/CE), através dos promotores de Justiça integrantes da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), deu detalhes ontem, em entrevista coletiva à imprensa, na sede do Órgão, sobre a operação denominada “Vil Metal” em São Gonçalo do Amarante.
Os promotores disseram que o esquema de fraude estabelecido entre a empresa Dimetal Construções e Serviços LTDA e 23 prefeituras do Ceará desviou cerca de R$ 10 milhões dos cofres públicos entre 2007 e 2011. Segundo o MP/CE, essa verba teria ido parar nas contas pessoais de prefeitos, secretários municipais, empresários, engenheiros e advogados.
O agravante do caso fica por conta de que a Dimetal é uma empresa de fachada, cuja sede não possui funcionários nem máquinas. Segundo o promotor Luiz Alcântara, “a Dimetal não recebia um centavo daquilo que foi supostamente pago por serviços. As licitações foram todas fraudadas. E as obras eventualmente realizadas foram realizadas não pela empresa, mas pelos próprios gestores”.
Alcântara disse ainda que a Dimetal, não obstante o porte de suas supostas atividades, está registrada no nome de dois serventes de pedreiro usados como laranjas nos negócios. O MP/CE descobriu, por exemplo, que apenas no cartório de Messejana, foram assinadas 19 procurações públicas, cujos documentos dão poder aos membros da organização criminosa de participar de processos de licitação e, desta forma, estabelecer contratos de serviços com as prefeituras envolvidas.
Rombo
As investigações dão conta de que outras sete empresas podem estar também envolvidas em esquema de desvio de verbas públicas. Para o promotor Eloilson Landim, somadas as irregularidades em todas as prefeituras, nada menos do que R$ 30 milhões podem ter ido parar no ralo da corrupção, enriquecendo, ilicitamente, os administradores do esquema criminoso. Isso porque, explicou Landim, mais de mil licitações estão sob suspeitas de terem sido fraudadas.

Todavia, somente o aprofundamento das investigações poderá dizer ao povo cearense o quanto foi, de fato, desviado para fins escusos por gestores e empresários corruptos. O promotor também salientou o fato de que as investigações dizem respeito às gestões anteriores, isentando, assim, a participação de prefeitos que tomaram posse a partir de janeiro.
Envolvidos
Entre os suspeitos de envolvimento na quadrilha estão o ex-prefeito de São Gonçalo do Amarante, Walter Ramos de Araújo (PR), o ex-vice-prefeito, Francisco Moraes Braga (PPS), e outras 26 pessoas – entre ex-gestores, engenheiros, advogados e empresários – cujas prisões temporárias foram decretadas pela Justiça.

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