E haja safadeza pra tudo quanto é canto



Relatório da Polícia Civil do Rio de Janeiro acusa o Ministério Público do Estado de vazar informações sobre um inquérito para um dos investigados, o deputado Eduardo Cunha (RJ), atual líder do PMDB na Câmara. O documento tem 35 páginas. Veio à tona em reportagem de Leslie Leitão e Thiago Prado.
Chama-se Ricardo Magro o protagonista do inquérito. É dono da refinaria Manguinhos, acusada de sonegação fiscal. O deputado Eduardo Cunha frequenta o processo por suspeita de traficar influência em favor de Magro. Pela mesma razão, menciona-se nos autos Edison Lobão Filho (PMDB-MA), que ocupa no Senado a cadeira do pai, Edison Lobão, licenciado para gerir o Ministério de Minas e Energia.
Segundo a polícia, a investigação começou a desandar em 18 de setembro de 2009. Nesse diz o inquérito foi requisitado por Cláudio Lopes, então procurador-geral de Justiça do Rio. O papelório subiu ao gabinete três dias depois, em 21 de setembro. Na mesma data, Eduardo Cunha esteve no gabinete do procurador-geral.
Até então, eram frequentes e corriqueiros os contatos telefônicos entre os investigados. Depois dessa data, os telefonemas escassearam e os diálogos passaram a versar sobre temas pessoais. Para a polícia, ficou evidente que os personagens sabiam que se encontravam sob grampo.
O relatório policial anota: “Após o dia 21/09, data em que a íntegra dos presentes autos foi encaminhada ao Ministério Público por requisição do Promotor de Justiça que atuava na investigação, os alvos interceptados passaram a apresentar um comportamento diferente daquele demonstrado nos outros períodos de interceptação: alguns simplesmente pararam de falar.”
Graças às suspeitas envolvendo parlamentares, o processo corre no STF. O atual procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, remeteu ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, um pedido de investigação sobre o vazamento. Deve ser atendido. Eduardo Cunha e o ex-procurador Cláudio Lopes negam o intercâmbio de informações sigilosas.

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