Foto: Edição/247
RECEIO DO PALÁCIO DO PLANALTO É DE QUE A INFLUÊNCIA DA DEPOSIÇÃO NO PARAGUAI SE ALASTRE POR OUTROS PAÍSES, COMO A BOLÍVIA, DE EVO MORALES, E A VENEZUELA, ONDE HENRIQUE CAPRILES (DE BONÉ), ATUAL OPOSITOR DE HUGO CHÁVEZ, SERIA O AMEAÇADO, CASO ELEITO; SERÁ QUE ATÉ DILMA ESTARIA EM RISCO?
É
a partir desse raciocínio que os membros do Mercosul e da Unasul
trabalham para dar uma resposta dura à decisão dos parlamentares do
Paraguai, já que, instalado o clima de instabilidade, ninguém estaria
seguro, independente da posição política. No curto prazo, quem estaria
em posição mais vulnerável é o boliviano Evo Morales, que, a exemplo de
Lugo, é mais atencioso em seu governo com uma parte específica da
população – assim como Evo, Lugo era próximo dos movimentos sociais do
campo e foi acusado de não reprimir corretamente seus abusos.
Há
o temor também, contudo, de que, caso escolhido nas eleições deste ano,
o venezuelano Henrique Capriles, grande oposicionista do presidente
Hugo Chávez, se transforme em vítima desse clima de instabilidade. Quem
também não está nada seguro no cargo é o presidente colombiano Juan
Manuel Santos, que se posicionou claramente contra a deposição de Lugo.
Ele sofre forte oposição do seu antecessor, Álvaro Uribe, que quer se
candidatar de novo.
A
Argentina de Cristina Kirchner não passa lá também pelo seu momento
mais tranquilo -- a presidente teve inclusive de voltar mais cedo da
Rio+20, para lidar com uma greve de caminhoneiros que ameaçava parar o
país. O Equador, onde o presidente Rafael Correa chegou a se dizer
vítima de golpe em 2010, é outro país extremamente vulnerável a tensões
políticas.
Com
ambiente de menor tensão, Brasil, Chile e Uruguai parecem os países
menos expostos a reflexos internos da deposição no Paraguai, mas se os
distúrbios se espalharem pelo continente, todos serão afetados. A
diferença do caso paraguaio para crises nesses outros países é que a
intensidade da reação popular tende a ser muito maior.
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