Fotografia é história - Sexta feira, 13



Foto

“Prenúncio de nuvens negras sobre a Praça dos Três Poderes”. Pequeno texto de uma discreta nota publicada na página 4 do Jornal do Brasil, em 13 de dezembro de 1968.
Como foi – Tanto na cobertura diária da Presidência da República e no Congresso quanto na redação, percebia-se que o País estava diante de uma hora grave. A Comissão de Justiça da Câmara tinha negado autorização para que se abrisse processo contra o deputado Márcio Moreira Alves. O parlamentar havia proferido discurso convocando o povo a boicotar as festividades do 7 de Setembro. O presidente Costa e Silva – e outros militares da chamada linha-dura das Forças Armadas – queria puni-lo por desrespeito aos ideais do Golpe Militar de 1964, mas com a negativa não podia fazê-lo, impedido pela Constituição. Então editou o Ato Institucional Número Cinco. O AI-5. Era uma profunda intervenção constitucional com a qual o Governo fechou a Câmara e o Senado, cassou o mandato de vários parlamentares, instituiu a censura prévia à imprensa, ao teatro, música, cinema e tudo que pudesse produzir opinião. E, ainda, passou a legislar ele mesmo e governar com decretos-lei. Eu era um jovem fotógrafo começando na profissão. Assim que li os jornais no fim da tarde, apressei-me em transformar em imagem as sugestivas palavras do “Informe JB”, a coluna mais respeitada daquela época. No mesmo dia daquela edição, horas depois dessa foto, a notícia que a notinha preconizava viria acontecer. No começou da noite, eu estava na Câmara retratando um dos momentos mais sombrios da política brasileira
Orlando Brito.
O Brito é um dos maiores fotojornalistas do planeta e meu amigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário