Rio: vítimas do desabamento têm bens afanados


A queda de três edifícios no centro do Rio produziu, por ora, 17 cadáveres. Na madrugada deste sábado (28), ainda havia cinco desaparecidos. Além de perder as oportunidades que a vida oferece, essas vítimas viraram a oportunidade que os oportunistas aproveitam.
Os repórteres Denise Menchen e Juca Varella informam: usado como depósito do entulho retirado do centro da cidade, um terreno da zona portuária do Rio tornou-se área de “garimpo”.
Operários de uma obra vizinha, funcionários de uma concessionária do porto e pessoas vestidas com uniformes da Secretaria de Obras do Estado vasculham os escombros à procura de peças com algum valor.
Os repórteres pilharam os “garimpeiros” da desgraça alheia manuseando bolsas, álbuns de fotos, objetos de metal… Surrupiam-se também cabos elétricos e fios de telefone.
Simultaneamente, sobreviventes do desabamento tentavam, sem sucesso, achegar-se aos destroços para procurar documentos e objetos pessoais.
Tudo isso sob uma atmosfera de absoluto descontrole das “autoridades”. Ouvida, a prefeitura admitiu o descalabro. Prometeu: identificar os aproveitadores, providenciar as “punições cabíveis” e reforçar a segurança. Tarde.
Diz-se que uma desgraça nunca vem só. O “garimpo” fúnebre do Rio confirma o brocardo. No Brasil, a desgraça vem sempre acompanhada da desumanidade. O episódio do Rio deixa a impressão de que Deus, tão bem sucedido na paisagem, fracassou nos seres humanos.

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