O PMDB de ontem não é o de hoje - É só ver os nomes


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NÃO ADIANTA TROCAR O SEIS PELO MEIA-DÚZIA

Por Carlos Chagas
Depois de mandar demitir na hora o diretor-geral do DNOCS, assim que tomou conhecimento do  desafio  do líder Henrique Eduardo Alves, do PMDB, não haverá como justificar que a presidente Dilma venha a pedir ao deputado potiguar a indicação do substituto. Se isso acontecer, como espera o próprio vice-presidente Michel Temer, o governo terá repetido às avessas a máxima de Joseph Stalin, para quem o comunismo dava dois passos à frente e um atrás. No caso da substituição de Elias Fernandes, envolvido em denúncias de corrupção,  por outro indicado de Henrique Eduardo Alves,  a presidente terá  dado um passo à frente e dois atrás.
                                                       
O simbolismo da exoneração meteórica do diretor-geral do DNOCS está no grito de  independência de Dilma diante da ditadura dos partidos que sufocam seu governo. Parece, até prova em contrário, estar terminando o ciclo do loteamento  do ministério e  penduricalhos,  que a presidente precisou engolir ao tomar posse. Se agora ela cede e conserva o mesmo modelo,  não haverá como pensar que o processo mudou. Em especial se o seis for substituído  pelo  meia-dúzia.
                                                       
Espera-se a nomeação de um técnico, de alguém capacitado a enfrentar as mazelas da seca no Nordeste, mesmo sem vinculação partidária. Mas se vier um político ligado aos grupos fisiológicos que dominam o PMDB e parte do governo, terá a emenda ficado senão pior, ao menos igual ao soneto. Como o próximo capítulo dessa novela de horror ficou para ser encenado depois do retorno da presidente de Cuba e do Haiti, haverá tempo para meditações.

DUAS AGRESSÕES

                                                       
Existem dúvidas, entre os líderes dos partidos que apóiam o governo, sobre qual das duas agressões mais despertou a indignação de  Dilma Rousseff: se o desafio do líder Henrique Eduardo Alves, de que  ela não tinha  coragem  para demitir o diretor-geral do DNOCS,  ou  a queixa dos caciques do PMDB, conhecida ontem,  sobre a presidente blindar os amigos dela e passar a caneta em outros  acusados de malfeitos.
                                                       
Porque não deixa de ser comentário   maldoso, tanto quanto  um pouco  verdadeiro, sobre Dilma não ter demitido   Fernando Pimentel e  Fernando Bezerra, ao tempo em que não poupou indicados pelo PMDB.   Afinal, os dois ministros foram alvo de denúncias de irregularidades graves, e tiveram fôlego e  apoio para defender-se e permanecer no Desenvolvimento Industrial e na Integração Nacional.

VEXAME

                                                       
De todos os episódios envolvendo o PMDB e sua ânsia fisiológica surge uma conclusão inevitável: está posta em frangalhos a legenda um dia responsável pela queda da ditadura no país. Nem é preciso fulanizar os atuais comandantes do partido se comparados com Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, os autênticos e tantos outros guerreiros da democracia. Dirão os céticos que as coisas começaram a mudar quando o partido foi para o poder. Afinal, José Sarney passava mal toda vez que recebia Ulisses Guimarães em seu gabinete, sempre com exigências de  nomeações e ocupação de espaços no governo. O problema é que,  naqueles idos, o PMDB vinha de estrondosa vitória eleitoral, detendo todos os governos estaduais, menos um, e maioria indiscutível na Câmara e no Senado. Agora, reduzido em sua força, oferece  vexame em cima de vexame.

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