"Vou disputar a presidência dos líderes que venceram o câncer", diz Cristina Kirchner


"Vou disputar a presidência dos líderes que venceram o câncer", disse a presidente argentina, Cristina Kirchner, na primeira aparição após o anúncio do câncer. De aparente bom humor,  Cristina participou de um ato, nesta quarta-feira (28/12) na Casa Rosada, ao lado dos governadores de várias províncias no país, e confirmou que será substituída por Amado Boudou em janeiro, quando terá licença para tratar o carcinoma papilar foi detectado no lóbulo direito de sua tiróide.
"Imaginem quem foi o primeiro que me ligou de noite, quando terminei de trabalhar, e ele já estava me ligando? Hugo Chávez Frias. Eu disse: "Claro que eu vou brigar pela presidência do Congresso, com você e com todos [os presidentes]'", contou Cristina, em referência ao evento proposto pelo presidente venezuelano, que se recupera de um câncer.
Durante a cerimônia, a presidente brincou com alguns dos governadores que se aproximavam da mesa onde estava sentada para assinar convênios para o desendividamento das províncias com o Estado nacional. Após a cerimônia de assinaturas, a presidente discursou para os governadores presentes, e afirmou que continuará “trabalhando com todo o compromisso pela Argentina e por ninguém mais”.
Cristina Kirchner deve ser operada no dia 4 de janeiro para a retirada do tumor. Nesta primeira aparição após o comunicado de seu estado de saúde, foi feito nesta terça-feira (27/12), pelo secretário de Comunicação da Casa Rosada, Alfredo Scoccimarro, a mandatária disse que a primeira ligação que recebeu na noite de ontem foi a do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Segundo ela, as ligações seguintes foram de Sebastián Piñera, do Chile, e do presidente colombiano, Juan Manuel Santos. “Dilma [Rousseff] estava na praia, e não pudemos nos comunicar bem”, explicou a presidente argentina, agradecendo todas as demonstrações de solidariedade dos argentinos. 
“Ia tirar minha primeira semana de descanso no dia 2 [de janeiro], que desde [a morte de] Néstor [Kirchner] não pude, para descansar em minha casa em El Calafate, meu lugar no mundo. Mas agora não vou a nenhum lugar, vou ter que ficar aqui, internada”, disse, sem demonstrar pesar, antes de afirmar que, mesmo em sua ausência, o governo manterá o mesmo rumo: “É uma obrigação que temos com nossos votantes, de seguir este mandato”.
Vices
Apesar de não ter entrado em detalhes sobre o seu estado de saúde, Cristina Kirchner fez algumas alusões à circunstância, brincando sobre a presidência interina de seu vice-presidente, Amado Boudou, quem comandará o país durante a sua ausência: “Cuidado com o que você vai fazer, hein?”, comentou, bem-humorada.
“Vejam como são as coisas”, afirmou a presidente sobre o conflito com seu antigo vice-presidente, Julio Cobos, que votou negativamente a um projeto de lei de seu gabinete para aumentar os impostos sobre as exportações agrárias. “Durante boa parte da minha gestão, principalmente depois de julho de 2008 quase se afirmava que era uma obrigação que o vice dissentisse com a presidente, um caso único no mundo (...)”, disse, mencionando o posicionamento da imprensa do país na ocasião.
“Olhem como a biologia ensina que na realidade uma fórmula que se propõe para a direção de um país, como a titular do poder Executivo e o vice-presidente como seu substituto natural no caso de uma doença, ausência ou de morte, vejam que importante é que o vice-presidente pense da mesma forma da que quem foi eleito para dirigir o país”, disse ela, pedindo cuidado a Boudou, e afirmando já saber a manchete dos jornais “institucionalistas” do dia seguinte: “Cristina pressionou vice-presidente para que faça o que ela quer, autoritária e hegemônica”, disse, em tom descontraído.

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