Ciro Gomes ataca Lula e dispara críticas a aliados e oposição

Da Izabela Martin
Sem mandato há seis meses e afastado da cena política nacional, o ex-deputado federal Ciro Gomes (PSB) reapareceu, nesta segunda-feira, e criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela falta de discrição ao aparecer publicamente em Brasília, na semana passada, na tentativa de conter a crise a partir da divulgação do crescimento vertiginoso do patrimônio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
Para Ciro, Lula cometeu um erro e pode ter prejudicado o capital político da presidente Dilma Rousseff (PT).
- Ele, inclusive, na minha opinião, cometeu um erro: se ele quer ajudar, faça isso pelo telefone, discretamente. Mas essa ida a Brasília liquida com qualquer capital político que a Dilma possa e deva acumular, que é inerente à liderança que ela tem como presidente - disse após participar como palestrante no evento sobre Economia Verde na Assembleia Legislativa do Ceará.
Ciro também não concorda com a opinião de Lula de que sem Palocci o governo se "arrastaria" até o fim. Esse teria sido um comentário do ex-presidente para conseguir o apoio da bancada do PT no Senado na defesa do seu ex-ministro.
- Discordo completamente até porque o Lula teve que demitir o Palocci. Ele próprio. Nós estaríamos como país muito mal parados (sic) se dependesse do Ciro Gomes, da Dilma, do Lula. O Lula tem esse equívoco - disse.
- Se depende só do Lula o Brasil? Eu sou contra isso. Depende só do Ciro? Depende só da Dilma? Depende só do Palocci? Que conversa é essa?
Para Ciro, o ministro Palocci tem o direito da presunção de inocência. No entanto, ele acha que o episódio sobre seu patrimônio, que aumentou vinte vezes em quatro anos, merece explicações cabais.
- Acho que ele tem uma massa de serviço prestado ao Brasil, que faz com que eu reforce aquilo que deve estar a disposição de todos cidadãos: a presunção da inocência. Eu o presumo inocente. Dito isto, é muito constrangedor o que está acontecendo. É preciso que seja resolvido isso com cabal explicação - disse, acrescentando que não é razoável que não haja explicações e que não se dá por satisfeito com as justificativas apresentadas até agora.
Além de comentar a atuação de Lula e da crise envolvendo Palocci, Ciro defendeu maior protagonismo do PSB em 2014.
- Time que não joga, não faz torcida. O processo político brasileiro confiando a hegemonia PT e PSDB, e hegemonizado pelo processo de São Paulo tem feito imenso mal ao Brasil - disse.
Para ele, a disputa entre esses dois partidos fez com que quem estivesse no poder nas duas últimas décadas se atracasse com "a escória"da política brasileira.
- O governo Fernando Henrique e o Governo Lula vivem se dizendo um o oposto do outro. Não é bem verdade não. Mas vivem se dizendo. Quem era o lider do governo Fernando Henrique no Senado? Romero Jucá, do PMDB (RR). Quem é o líder do governo Lula no Senado e do governo Dilma no Senado? Romero Jucá. Vá se dormir com um barulho desse.
Ao comentar a vitória do grupo de Aécio Neves, seu amigo, sobre o de José Serra, seu desafeto, na convenção do PSDB do último final de semana, disparou contra o candidato derrotado à Presidência da República no ano passado
- O Serra como trambolho continua aí e vai derrotar o trabalho do Aécio - disparou.
Ciro negou que vá sair do PSB e ir para o PDT. Os rumores da mudança cresceram depois que vieram à tona as diferenças entre ele e o presidente do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Segundo Ciro, os defeitos do PSB são compensados por suas qualidades, enquanto no PDT, honraria o inverso.
Coordenador da campanha de Dilma no Nordeste, Ciro reclamou mais verbas federais para o estado que é governado pelo seu irmão, Cid Gomes (PSB). Recentemente, o governador xingou o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, pelas condições ruins das BRs.
- Está faltando atenção do governo federal em relação às estradas. Mas se nós compararmos o que Pernambuco tem recebido na prática e o que o Ceará tem recebido na prática... o Ceará não está recebendo o dinheiro prometido, não.
Para ele, o governo terá que "lutar pesado" para conseguir mais verba. Sobre a bancada federal cearense, disse que ela "está extremamente agarrada com os privilégios da sombra do poder".

Nenhum comentário:

Postar um comentário