Boa ação? - Campanha diz não às esmolas para crianças


Por Souto Filho
soutofilho@oestadoce.com.br

Uma das coisas mais comuns de Fortaleza é encontrar crianças nos sinais pedindo esmolas. O cenário é triste. Ao invés de estarem brincando ou estudando, os pequenos pedintes arriscam-se no meio dos carros e perdem boa parte da infância sentados nas calçadas, aguardando a boa vontade de alguém que lhes deem algum dinheiro. Apesar de algumas pessoas sentirem pena e utilizarem o artifício da esmola na esperança de estar ajudando, o que poderia ser considerado um ato de boa ação, muitas vezes pode estar piorando esta lamentável situação de risco.
Para tentar mudar essa realidade, no próximo dia 07 de maio, o Ministério Público do Ceará estará lançando a campanha “Não dê esmola à criança em situação de rua”. O promotor de Justiça da 14ª Promotoria de Família de Fortaleza, Francisco Edson de Sousa Landim, explicou que a iniciativa está na quarta edição, já sendo realizada nas Secretarias Executivas Regionais (SER) IV, III e I. Desta vez, a campanha de conscientização vai abranger a população atendida pela SER X.
Segundo dados da equipe Interinstitucional de Abordagem de Rua de Fortaleza, atualmente existem cerca de 200 crianças perambulando pelas vias da Capital. Destes, 75% são do sexo feminino e 33% possuem até 12 anos de idade. Outro índice importante diz que 67% delas usam ou já usaram drogas.

DINHEIRO NÃO!
O promotor explicou que ajudar financeiramente as crianças que estão nos sinais, incentiva a ociosidade e faz com que elas não sintam a necessidade de voltar para casa, perdendo, completamente, os laços familiares. Segundo ele, muitos pedintes infantis também utilizam o dinheiro arrecadado nos cruzamentos para utilizarem drogas e se manterem longe das escolas. Landim disse ainda que, nas ruas, as crianças estão propensas a sofrerem violência e são incentivadas a cometerem pequenos furtos, partindo para o lado da criminalidade.

“Criança não é para estar na rua e sim serem amados” Elas devem ter o direito e o acesso à educação, lazer e saúde. A sociedade civil também pode fazer o seu papel denunciando os locais que essas crianças se concentram para que os órgãos públicos tomem providências. Não é dando esmola que estamos ajudando essas crianças, mas sim garantindo que elas tenham todos os seus direitos garantidos”, pontuou ele.

GRUPOS NOS TERMINAIS
Landim explicou que os grupos de crianças de rua costumam utilizar os terminais de ônibus como refúgio e residência improvisada. Segundo ele, apenas no terminal da Parangaba, ano passado, foram identificadas 43 crianças em situação de rua. De acordo com estudos realizados pela Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, existem cerca de 8 mil crianças nas ruas das cidades brasileiras. Edson Landim informou que, deste total, cerca de 70% estão fora de casa devido à violência doméstica.

Entretanto, depois de três edições da campanha, o promotor revelou que os resultados foram significativos. “Nos terminais da Parangaba e da Lagoa, os comerciantes e os próprios moradores locais nos disseram que a quantidade de crianças nas ruas diminuiu cerca de 40%. Esses resultados são bastante significativos”, vibrou Landim

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