Lamento


Ele pode chegar no céu de "gravata preta"
Este blog está doído. A morte de Alencar, é um desses atropelos que a vida faz nas estradas da gente. Alencar nunca aceitou o sinal vermelho. Premia, sempre que podia, o pedal do freio pra sair no verde e assim driblar a bruta. Botou na rua a doença que eu, quando criança, não ouvia na minha casa, na minha rua, na minha cidade. O cancer era o sinal da morte e Alencar pregou na porta da casa de sua vida que ali ninguem temia o cancer e que ele seria enfrentado com dignidade, serenidade, altivez, respeito e, muitas vezes até admiração, eis que Alencar dizia que podeira morrer quando sua vida não fizesse mais sentido à vida de outras pessoas. O diabo do cancer que Alencar não escondeu como se escondia lá no distantes anos da minha infancia, acabou por dizer que a gente não precisava mais do Alencar por aqui e que a mensagem que ele passava a todos, chegava ao fim. Na verdade, o que ele passou, apenas está começando. José Alencar, mais que politico, empresário, pai, amigo, parceiro, cobrador intransigente, leal, sincero, foi um cara que mostrou ao mundo que a gente morre quando deixa de viver o que ele fez muito bem enquanto viveu. Suas lições irão aos patamares de qualquer capelinha como oração que se reza no silencio da dor ou na efusão da felicidade. Sua morte é a comunhão de Deus com os bons que Ele sempre quer a seu lado sem ligar pra gente que fica por aqui, mais uns dias, purgando a saudade, sofrendo a lembrança, lamentando a solidão que toda morte nos faz sentir.

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