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Médicos recém-formados dispensam salários de R$ 10 mil no interior do CE

Será que basta dinheiro para resolver os problemas de saúde no Brasil? Não. Médicos que acabaram de se formar recusam um salário de R$ 10 mil.

Doutor Paulo é uma exceção no Ceará. São 14 anos de carreira em uma pequena cidade do interior. Mas pergunte na Faculdade de Medicina em Fortaleza se alguém quer trilhar o caminho do doutor Paulo? "Meus planos, após minha formatura esse ano, é fazer a minha residência, que pretendo fazer no estado de São Paulo, na área de clínica médica ou neurologia", conta a estudante de medicina Marília Cardoso.

"É até melhor ficar aqui e ter um nível menor de estresse na sua profissão do que ficar no interior lutando contra um sistema todo que está defeituoso", explica o estudante de medicina Wagner Gurgel.

Os próprios estudantes apontam o que seriam as desvantagens de trabalhar fora dos grandes centros urbanos. "Até hemograma, às vezes, falta em hospital, e começa a questão da ‘ambulâncioterapia’: sempre encaminhando, os médicos só encaminhando e as ambulâncias para cima e para baixo", lamenta a estudante de medicina Amora Chaves.

O atrativo para que jovens médicos mudem de ideia são os salários oferecidos. Basta ver os anúncios no Conselho Regional de Medicina do Ceará: ofertas de emprego que chegam de outros estados do Nordeste e até do Centro Oeste. Uma das ofertas é da cidade de Irauçuba, a apenas 150 quilômetros de Fortaleza. A secretária de Saúde, Isabel Braga, já espera há um mês por um candidato a ganhar R$ 10 mil. "A gente tem que ter um salário bom, senão, a gente não consegue segurar", explica Isabel Braga.

No hospital do município de Irauçuba, um único médico de plantão atende até 20 pacientes internados e ainda precisa estar a postos para urgências e emergências. Trata-se de um desafio que poucos se dispõem a enfrentar em uma jornada de 12 horas diárias.

Michelle Gurgel Lima, recém formada, encarou o desafio como experiência profissional, mas, não pensa em ficar mais de um ano no local. “Se eu perder o foco da minha especialização, vou acabar deixando isso para depois, vou sempre adiando e não vou me especializar. Minha especialização vai se tornar cada vez mais difícil", explica a médica Michelle Gurgel Lima.

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