Crack - Câmara promove Fórum sobre a droga

Acrisio Sena

Com cerca de 1,2 milhão de usuários no Brasil, 100 mil só no Ceará, o crack está se transformando numa epidemia nacional. O alerta é do presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, vereador Acrísio Sena (PT), feito na abertura do I Fórum Cearense sobre o crack e outras drogas, realizado, ontem, na sede do Legislativo. O momento, organizado pela Associação Brasileira de Assistência aos Dependentes Químicos (Abradeq), debate a necessidade de políticas públicas preventivas ao consumo de drogas.

O Fórum irá elaborar uma Carta de Propostas, com 35 reivindicações, ao Governo do Estado. Dentre as proposições ao Executivo estadual está a criação de uma Secretaria de Defesa Social e de Políticas Públicas contra as Drogas.

Acrísio Sena alertou para o alcance do crack na sociedade brasileira, citando como exemplo o município de Icapuí (CE) e Brasília (DF). O parlamentar atentou para um documentário sobre dependentes do crack, mostrando que o problema atinge várias classes sociais. “O crack não é só um problema da classe baixa, entre os usuários estão médicos, policiais, prostitutas, moradores de rua”, citou.

Para o diretor geral da Abradeq, Carlos Dantas, este é momento de todos os segmentos debaterem a situação na busca de políticas públicas eficazes. “O crack transformou-se numa verdadeira epidemia, destruindo uma grande parte de nossa juventude”, colocou.

O presidente da Ordem do Advogados do Brasil, Seção Ceará, Valdetário Monteiro, destacou o papel de entidades e do poder público na concientização do dever de todos no combate ao crack. “Há uma luz no fim do túnel. Precisamos ter uma reação em cadeia”, apontou Valdetário, colocando a OAB a serviço da população.

CAMPANHA
Acrísio Sena colocou a Câmara à disposição do movimento, chamando esta responsabilidade para todos os segmentos da sociedade. O presidente destacou ainda a realização de uma campanha preventiva pelo Legislativo, que fará parte da programação do projeto Câmara nos Bairros.

A primeira sessão especial do Câmara nos Bairros acontecerá, no Centro Urbano de Cultura e Arte (CUCA), da Barra do Ceará, na próxima quinta-feira, 31. O objetivo é ouvir os anseios da população, levando os poderes municipais e estaduais para possivéis esclarecimentos, além de levar os parlamentares para próximo das comunidades.

Durante a ocasião, foi prestada uma homenagem ao dr. Silas Mugunba, fundador do Desafio Jovem. O Fórum contou com a participação do vereador Antônio Henrique (PTN), de representantes do Ministério Público e do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas no Ceará (CEPOD), dra. Luciana Frota e dr. José Hermam Normando, respectivamente.

Problemas sociais
Na abertura do ciclo de debates do I Fórum Cearense sobre o crack e outras drogas, com a palestra “Complicações sociais e uso de substâncias psicoativas”, o psicólogo Dr. Paulo Cezar Filho destacou a dependência química como um eixo dos problemas sociais, e que este é um fator cultural, iniciado com o uso do álcool. “A pobreza não é o grande problema da dependência, e sim a cultura na sociedade. O álcool é o berço para o uso de outras drogas”, apontou.

De acordo com ele, a questão do combate às drogas deve começar com o trabalho preventivo, principalmente no início do consumo de álcool. “Todos os problemas estão ligados à questão das drogas, mais de 70% dos acidente nas estradas são devidos ao uso de estimulantes”, colocou Paulo Cezar, destacando ainda que o maior índice de demissão é pelo uso de álcool.

Prejuízo
O psicólogo abordou as diversas situações enfrentadas pelos dependentes químicos, principalmente do usuário de crack. Elas englobam o ambiente familiar, trabalho, situação financeira, crimes, prostituição e desocupação. Paulo Cezar descreveu as principais coisas que acontece com o eixo familiar do dependente, que, segundo ele, é o que tem maior prejuízo.

“A família adoece e começa a suprir a necessidade do dependente, criando uma relação de co-dependência”, salientou Paulo Cezar. Devido a essa questão, o tratamento do dependente deve se estender ao eixo familiar, como relatou o psicólogo.

Dívidas
No ambiente de trabalho, o dependente começa a perder a noção de compreensão, chegando muitas vezes a faltar com os compromissos, o que ocasiona a sua demissão. O trabalho mostra-se apenas como um meio de manter o vício, que ocasiona no aumento das dívidas, culminando com o abandono da família. Na mente do usuário de crack, como colocou Paulo Cezar, o dinheiro se materializa na quantidade de droga que ele poderá comprar.

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