Coluna do blog


Buenos Aires (Argentina) 30 graus

O que Dilma veio fazer aqui
Quem já veio aqui pelo menos umas vinte vezes, fica de queixo caído com a involução da cidade. Conhecida no mundo como um pedaço da Europa na América do Sul, juro de pés juntos que sofro a decepção de ver uma cidade, antes tão bem cuidada, entregue a drogados deitados na Florida, camelôs com suas quinquilharias espalhadas pelo chão da famosa rua e, o que é pior, sumiram as livrarias que nos encantavam no passado. Aqui, pra não ir muito longe, comprei a primeira edição, em espanhol, de Cem Anos de Solidão, em papel bíblia para presentear o então governador Gonzaga Mota, um amigo querido, leitor apaixonado de boas leituras. Na Florida, acompanhei um passeio solitário e escondido do presidente Sarney que fugiu do hotel, com seguranças à distancia e foi visitar as livrarias onde outro dia viria lançar o Maribondos de Fogo. Eu vi e o segui tão escondido quanto ele dos outros. Aqui, na Florida (estou à meia quadra da rua famosa) vi astros e estrelas e personalidades do mundo político e religioso se quedar diante sua importância para a América Latina. Aquela Florida não existe mais. Não parou no tempo, involuiu. Como de resto a grande Buenos Aires. Salvam-se hoje o Cemitério da Recoleta, alguns parques onde pobres tomam banho de piscina em dias de sol, pagando 5 pesos por um tibungo e um pouco, de longe um pouco da importância porteña, que deu lugar a posturas humildes, seja por sua moeda fraca, seja pelos velhos e ricos tempos que se foram. E a presidenta do Brasil, veio pra cá em sua primeira visita formal devendo ter hoje, segunda-feira, um dia duro de trabalho ao lado da colega, lá dela, Cristina Kirchner, outra durona entre a cruz e a caldeirinha.

Agenda
Às 11 e 20 da manhã Dilma Rousseff chegará à Casa Rosada e começará o encontro com Kirchner. Às 11 e 40 começará a reunião privada das duas.Ao meio dia encontro com as Mães e Avós da Praça de Maio, na Casa Rosada. Às 12 e 45 haverá a assinatura de acordo bilaterais. A uma hora uma conferência de imprensa seguida de almoço e retorno às quatro e meia da tarde.

• Engraçados.
Os jornalistas argentinos, na sua maioria acredita que a visita de Dilma a Cristina tem a ver com o fato de Obama ir ao Brasil e passar pro Chile direto sobre a Argentina.

• Coleguinha.
A coleguinha Eleonora Gosman diz: Em seu primeiro encontro presidencial com Cristina Kirchner, a chefe de Estado brasileira buscará acalmar um eventual efeito corrosivo que pode provocar na Casa Rosada o anúncio da visita de Barack Obama ao Brasil em março próximo.

• E segue.
Mais adiante se fala que o norte-americano irá também a Santiago do Chile, porém não passará por Buenos Aires. Por isso se bem lembrou os vínculos históricos dos Estados Unidos, Dilma aproveita para ratificar que a união com a Argentina é estratégica.

• Outro.
Um outro periodista da casa afirma ainda que para a presidenta Dilma, os dois países são a chave para a estabilidade regional, frente a um mundo multipolar, convulsionado por crises econômicas e sociais de toda monta.

• Sobre direitos.
Dilma Rousseff encontrar-se-á também com as famosas Mães e Avós da Praça de Maio e chegou pregando aviso: Eu não vou negociar direitos humanos. Não há concessões possíveis nesta área. Isto será um elementos central de nossa política externa e doméstica, afirmou.

macariob@uol.com.br

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