OPINIÃO

Tiririca
Nem mesmo o próprio Tiririca pensou que fosse fazer tanto sucesso ao se candidatar a uma vaga para deputado federal pelo Estado de São Paulo.

A imprensa tem sido impiedosa com Tiririca, considerando-o um candidato palhaço ou um palhaço candidato. O deboche de Tiririca conseguiu alçá-lo à condição de candidato já tido por eleito no maior Estado do País, onde existe o maior colégio eleitoral.

Candidatos como Tiririca só fazem sucesso porque, no Brasil, política e políticos não são levados a sério, salvo algumas exceções. Basta lembrar que horário eleitoral é momento para rir das tantas bobagens e caretas que aparecem, jamais para ouvir propostas, muitas das quais absurdas, que beiram ao ridículo, onde candidatos propõem o que jamais poderão cumprir.

A exemplo de Tiririca, quantos candidatos não sabem o que faz – ou é para fazer – um deputado estadual, um deputado federal ou um senador?
Tiririca nada mais é do que a expressão nacional daquilo que passou a representar a política para o povo brasileiro, onde os representantes eleitos pelo povo – na grande maioria – são vistos com desconfiança; onde princípios morais e éticos são diuturnamente abalados por escândalos de desvios de verbas públicas, dinheiro na cueca, mensalões, fraudes em licitações e uma gama de mazelas que acompanhamos pela imprensa.
Tiririca vem sendo apontado como uma aberração política, uma afronta aos princípios democráticos e republicanos, um desrespeito ao eleitor, uma brincadeira de mau gosto com o sistema eleitoral. Porém, tudo isso vem acontecendo há um longo tempo e nós brasileiros temos sido as grandes vítimas desse sistema político desvirtuado, cujos interesses particulares parecem sempre prevalecer diante dos interesses públicos.

Quantos candidatos “tiriricas” estão disputando o pleito eleitoral? Quantos de nós seremos eleitores “tiriricas”?
Melhor seria se não tivéssemos candidatos como Tiririca. Entretanto, se existe algo errado no sistema eleitoral e na política do País, certamente não se pode atribuir ao Tiririca.
Afinal, a culpa é de quem?

Grecianny Cordeiro - Promotora de Justiça

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