Ausência municia candidatos em debate contra Cid Gomes na TV União



Por Bruno Pontes
Da Redação do Jornal O Estado

Embora tenha confirmado presença, o governador Cid Gomes (PSB) não compareceu ao debate promovido ontem pela TV União com os candidatos ao Palácio Iracema, alegando choque de agenda. Foi munição extra para os ataques de Lúcio Alcântara (PR), Marcos Cals (PSDB) e Soraya Tupinambá (PSol).

Já no primeiro bloco do debate, Soraya afirmou que “a ausência do governador reflete essa coisa que começa a ser percebida”, em alusão à denúncia veiculada pela revista Veja, sob o título “Integração Cearense”, segundo a qual os irmãos Cid e Ciro Gomes (PSB) teriam comandado um esquema de desvio de verbas de prefeituras cearenses em parceria com o empresário Raimundo Morais Filho. Conforme a publicação, o montante desviado, estimado em R$ 300 milhões, teria sido usado nas campanhas dos Gomes.

Lúcio Alcântara (PR) acusou Cid de não ter argumentos para se defender da acusação e pediu aos eleitores que levem a disputa para o segundo turno. “Faço um apelo à população. É até melhor para o governador, que vai ter mais tempo de se esclarecer”, disse o republicano, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto. A declaração foi feita durante réplica a uma pergunta da candidata do PSol, que ouviu de Lúcio um empenho de ajuda. “Vou revelar uma coisa, Soraya: se você for para o segundo turno [com Cid], eu te apoio”.

Sorteado para ir à tribuna em seguida, Marcos Cals capitalizou a fala e, dirigindo-se a Lúcio, o deixou informado: “Eu também aceito o seu apoio no segundo turno”. O tucano destacou a decisão do juiz auxiliar do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, Luiz Roberto Oliveira Duarte, liberando o uso em sua propaganda da reportagem da Veja e citou a pesquisa Datafolha/O Povo, divulgada horas antes do debate, que aponta diminuição da vantagem de Cid. O governador obteve 52%, à frente de Lúcio, com 20%, e do tucano, com 10%. “O governador caiu seis pontos”, frisou Marcos. “O povo está indignado. Temos a obrigação de mostrar os equívocos. O povo precisa saber. Não são 30 mil, são 300 milhões de reais”.

“DESRESPEITO” E “DETERIORAÇÃO”
As críticas a Cid Gomes prosseguiram após o debate, quando os candidatos falaram com os jornalistas. “Lamentavelmente, o governador não veio, certamente porque não teria respostas para os escândalos que a imprensa revela”, declarou Lúcio, exortando novamente a população a prorrogar a campanha. “As pesquisas mostram uma queda acentuada do governador. Faço um apelo ao eleitor: no segundo turno, as condições de disputa são mais equilibradas”.

Marcos seguiu linha semelhante. “A ausência é um desrespeito ao povo cearense”, disse o tucano. “Cid caiu nas pesquisas, especialmente em Fortaleza e na Região Metropolitana. Isso vai se alastrar pelo interior do Estado e iremos para o segundo turno”.

Para Soraya, “a ausência é uma deterioração clara da imagem de Cid, não só por causa dos escândalos, mas também por causa das políticas”. A candidata do PS afirmou ainda que tem se espantado com a quantidade de pessoas comprando e vendendo votos Ceará adentro. “São campanhas milionárias, prefeitos comprados pela máquina administrativa”, lamentou. Soraya, Francisco Gonzaga (PSTU) e Maria da Natividade (PCB) aproveitaram o debate para anunciar um ato a ser realizado a partir das 16h de hoje, na Praça do Ferreira, em protesto contra “as campanhas milionárias, a corrupção e a falta de democracia nas eleições burguesas”.

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