População tem medo de ação da Polícia

Assassinato de Bruce reflete no cotidiano e questiona segurança pública
O fortalezense tem vivido momentos de medo e dúvida em relação ao policiamento da Capital. Isto vem acontecendo há algum tempo, mas foi reforçado pelo assassinato do jovem Bruce Cristian de Sousa, no último domingo (25). A ação despreparada de um soldado integrante do programa Ronda do Quarteirão, Yuri Silveira, tem refletido no cotidiano das pessoas, que questionam se sua segurança é realmente eficaz.

A assistente de Recursos Humanos, Gisely Freire dos Santos, 19, avaliou que erros podem acontecer, porém que os efeitos são irremediáveis. “Todo profissional pode errar e acho que o policial deve ser punido e as pessoas não podem esquecer da morte do rapaz. Mas não podemos esquecer que isso é resultado da falta de investimento e atenção. Os soldados precisam de mais carga horária de treinamento”, avaliou. A jovem destacou o medo que está sentindo. “Agora, se eu ver alguma abordagem policial vou ficar com medo de passar por perto. Sei lá, se o policial se assusta com alguma ação minha e reage”, indagou.

O representante de vendas José Valder dos Santos Barbosa afirmou que Yuri não estava apto para as funções que o Ronda deveria desempenhar. “O programa [Ronda do Quarteirão] não surtiu os efeitos inspirados em sua criação. Isso acontece quando a segurança no Estado está falida e policiais em vez de dar segurança estão tirando nossa liberdade e, em casos mais drásticos, até a vida”, constatou.

O MEDO
Para o professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC), dr. César Barreira, coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da UFC, o caso Bruce foi emblemático para discutir a insegurança e o medo da população. “O medo é um problema sociológico porque cria barreiras sociais. Nesse contexto, a violência cria o medo e vice versa. O papel do policial é exatamente romper essas barreiras e, no caso específico [assassinato de Bruce], o soldado reforçou”, analisou.

César Dimas destacou que com a implantação do Ronda do Quarteirão houve uma sensação de seguranças, que foi frustrada. “O policial faz parte desse símbolo de segurança e os estudos mostram que a população está ávida por mais delegacias e policias nas ruas. Não é de hoje que as pessoas sentem insegurança”, afirmou. Segundo ele, o caso Bruce foi paradigmático para constatar o medo e a insegurança. “O Estado é responsável pela segurança da população, se ele não inspira confiança causa o caos e ocasiona a incidência da justiça feita pelas próprias mãos”.

Segundo o professor, além do fator segurança existe a questão da impunidade e é como se os dois setores estejam atingidos. “O pai desse garoto [Bruce] tem medo que não haja uma real punição”, disse. “Os órgãos de gestores terão que se voltar para a qualificação dos policiais, uma tragédia dessas tem que resultar nisso. O ato do policial foi clara falta de treinamento”, concluiu.

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