Acrísio: PSB está antenado com o futuro político do País

Vereadores cortejam Ciro; deputados acusam traição e ordem de Lula


O líder da prefeitura na Câmara Municipal de Fortaleza, vereador Acrísio Sena (PT), usou ontem seu pronunciamento para consertar qualquer sinal de rachadura entre os trabalhadores e os socialistas, após o PSB nacional anunciar, oficialmente, a retirada da candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB) à Presidência da República.
Segundo o vereador, as eleições ainda não estão definidas, porém a decisão do PSB “está antenada com o futuro político do País”. Para Acrísio, o desenrolar dos fatos agrega valores à campanha da presidenciável petista Dilma Rousseff, ao contrário do que muitos parlamentares andam apregoando: que a saída de Ciro beneficia o pré-candidato tucano, José Serra.

O petista prevê que a resolução do PSB trará governadores, deputados e outras lideranças políticas fortes para o palanque de Dilma, além de aumentar o tempo de televisão da candidata. Dessa forma, continua Acrísio, será possível realizar uma disputa plebiscitária entre o governo Lula e a “era neoliberal”. Ele ainda defendeu o presidente municipal do PSB, Sérgio Novais, que votou a contra a manutenção da candidatura de Ciro, sendo assim censurado por aliados e adversários.

Em aparte, a vereadora Eliane Novais (PSB) também defendeu o irmão e correligionário, assegurando que a decisão não se deu por motivos pessoais ou desavenças dentro da legenda, como externam alguns parlamentares, mas obedeceu a um projeto nacional, acompanhando o presidente nacional do partido, Eduardo Campos (PSB). Discordando dos deputados estaduais que, na manhã de ontem, na Assembleia Legislativa, criticavam sua decisão, Novais mandou o recado: “alguns deputados esperneiam, mas temos projetos antagônicos”.

Saiam da sombra
Alfinetando a bancada tucana na Assembleia Legislativa, Acrísio afirmou que a decisão do PSB ajudará os deputados do PSDB no Ceará a sair das sombras dos projetos até então defendidos pelo PT, fazendo que com os tucanos entrem definitivamente no debate eleitoral.

O líder do PT na Casa, vereador Ronivaldo Maia, alegou que mesmo sendo polêmico, o deputado Ciro Gomes não negará apoio a Dilma Rousseff, e previu que o governador Cid Gomes (PSB), mesmo possuindo um laço forte com o senador Tasso Jereissati (PSDB), não quebrará a aliança PT-PSB-PMDB consolidada nas últimas eleições. Para o presidente da Câmara, vereador Salmito Filho (PT), o desembaraço nacional ajudará o governador a conduzir melhor as articulações políticas no Estado. Por conta disso, acredita que Cid apóie o mesmo projeto nacional em nível estadual.

TRAIÇÃO E SUBMISSÃO
Na Assembleia, o deputado Osmar Baquit (PSDB), que já havia criticado a decisão do PSB por retirar Ciro da disputa presidencial, afirmou ontem que foi surpreendido com a traição do ex-deputado e atual presidente do partido socialista em Fortaleza, Sérgio Novais, que votou contra a candidatura de Ciro. “Ele traiu o povo cearense e toda a militância do partido em nome de uma submissão ao governo”, recriminou. Fazendo uma “chamada colegial”, o deputado questionou o silêncio que tomou conta dos parlamentares da sigla, já que, até aquele momento, nenhum tinha se manifestado sobre a decisão do PSB. “Nenhuma nota de repúdio foi lançada. Não vejo os deputados do PSB se manifestarem. Eram no mínimo para questionarem a posição do Novais”.

Para o também tucano Fernando Hugo, o “silêncio” deve ter se manifestado por omissão ou conivência da bancada, já que, segundo ele, nenhum correligionário de Ciro teve coragem de mostrar a cara. O ex-presidente da Casa, deputado Marcos Cals (PSDB), disse que Sérgio Novais, como conterrâneo de Ciro e grande conhecedor do político que é, poderia ter procurado o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, para falar do constrangimento moral de votar contra o nome do deputado federal.

Moésio Loiola (PSDB) também lastimou a decisão do PSB, uma vez que, em sua avaliação, a candidatura de Ciro “faria o Brasil refletir e colocaria o Nordeste em uma posição de destaque nestas eleições”. Já o deputado Perboyre Diógenes (PSL) falou que a jogada política ficou transparente. “O comando veio de cima, do comando Lula”.

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