BOM DIA

Não sei quem foi, mas alguém perguntou quem era meu analista. Por me causar espécie a pergunta, respondi com uma outra pergunta: Analista?! Era um misto de pergunta, resposta, indignação e...curiosidade. Motivos quais a figura quer saber se e por quem sou analisado? Espichei a conversa pra saber onde a pergunta queria chegar. E descobri que o alguém achava que eu era alegre, extrovertido, irreverente, qualificativos que foi desfiando enquanto eu o fazia cliente da minha análise. E olhe que não fazia a menor idéia do que pensavam sobre mim. Sempre tive em mente que as pessoas liam o que eu escrevia e pronto. No máximo saber se havia estudado, o que havia lido, o que estaria lendo no momento, se havia entrado numa faculdade, feito concursos...essas coisas bem próprias que mulher quando quer arrumar um casamento que se lhe arrume a vida. Quando a pessoa desconfiou do meu cerca-lorenço, e se tocou que estava sendo analisada abri o jogo: Sim, faço terapia todo santo dia. Meu terapeuta é cego mas enxerga pelos meus olhos. É surdo mas escuta pelos meus ouvidos. Não fede nem cheira. Sente os sabores pela minha língua e apalpa a vida pela cabeça dos meus dedos. Meu analista, meu irmão, é a rua por onde passo, a esquina onde me viro pra olhar uma bunda que me pareceu olhavel, um boteco onde as pessoas falam alto e contam suas vidas..meu analista...bem, meu analista não tem cara e tem todas as caras, inteligências de todas as inteligências, sabedoria de todos os sábios e a burrice que, como esta está aberta, sempre, para aprender.

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