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LABOMAR fará projeto para solucionar erosão na Praia de Jericoacoara

A Universidade Federal do Ceará, através do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR), irá elaborar um projeto, com estudos previstos de um ano, objetivando buscar soluções para o acelerado processo de erosão que ocorre na Praia de Jericoacoara, no litoral oeste do Estado. Para discutir o assunto, o reitor da UFC, Prof. Cândido Albuquerque, recebeu em seu gabinete, na manhã desta quarta-feira (30), o deputado estadual João Jaime (DEM), autor do pedido à UFC; as professoras Ozilea Bezerra Menezes e Lidriana Pinheiro, respectivamente, diretora e vice-diretora do LABOMAR, além do Prof. Eduardo Lacerda Barros, do Laboratório de Oceanografia Geológica daquele Instituto.

O deputado João Jaime explicou que, junto com lideranças daquela região, vem trabalhando no projeto de reordenamento da Vila de Jericoacoara, e entre os problemas já detectados, o mais grave é a erosão costeira, que se soma a outros como poluição, destinação do lixo, aumento no tráfego de veículos e ocupação desordenada da praia. Ele revelou que a erosão tem se tornado mais acelerada especialmente na faixa de praia em frente à Vila, uma área de 600 metros.

“Nós estamos buscando a Universidade, o LABOMAR, que tem especialidade em estudos costeiros, para que a gente possa desenvolver um estudo, entender o que está acontecendo para que a erosão avance da forma que está avançando, e apresente a solução. De posse do projeto, da solução, nós iremos em busca de recursos do governo federal”, disse o deputado.

Com estudos e pesquisas de campo realizados em Jericoacoara, o Prof. Eduardo Lacerda Barros fez uma apresentação do “Diagnóstico Preliminar da Atuação dos Processos Erosivos na Praia Principal da Vila de Jericoacoara”. Com fotos de anos passados até este mês, gráficos e diagramas, ele mostrou as mudanças pelas quais aquela faixa de praia vem passando.

Explicou que existe uma predisposição de pouco sedimento na costa, que há uma movimentação natural anual de areia e pedras na praia daquela Vila e que a própria geometria do litoral formando o sistema promontório (o cabo ou ponta que existe naquela praia) acaba formando uma enseada, que também altera o padrão de ondas e, consequentemente, acelera a erosão. Para agravar, há ainda os fatores antrópicos, ou seja, a ação do homem alterando o ambiente e influenciando ainda mais o processo de erosão.

RECOMENDAÇÕES – Com esse diagnóstico prévio e outros estudos que o LABOMAR já possui sobre aquela área, em 20 dias o Instituto pretende apresentar o orçamento para a elaboração do projeto mais profundo e detalhado, que deverá envolver estudos ao longo de pelo menos um ano. “É necessário estudar, levantar dados científicos, tendo atenção às questões da climatologia, da oceanografia, com o envolvimento de uma equipe multidisciplinar dentro das ciências do mar”, disse a vice-diretora do LABOMAR, Profª Lidriana Pinheiro.

A partir do diagnóstico preliminar apresentado pelo Prof. Eduardo Barros, a diretora do LABOMAR, Profª Ozilea Bezerra, adiantou que sua equipe já pode fazer algumas recomendações. Será preciso, disse ela, primeiro restaurar o balanço sedimentar (o movimento natural de ganho e perda de sedimentos numa praia por ação das marés e ventos. A erosão ocorre quando a praia perde mais sedimentos do que recebe). Uma segunda recomendação é a de permitir que haja um espaço necessário para que os processos costeiros possam se desenvolver naturalmente, porque ela explicou que há períodos do ano que a praia apresenta erosão e no outro acressão (acumulação de sedimentos, areia e rochas), isso é, um balanço sedimentar dinâmico com as marés, na zona da praia e em Jericoacoara. Isso precisa ser estudado para que o homem não ocupe a área onde ocorre essa movimentação natural. Uma terceira recomendação do LABOMAR é designar áreas de reservas estratégicas de sedimento para que sejam usadas na recomposição da área que sofreu erosão.

Para Ozilea Bezerra, identificado o problema, parte-se para a fase 2, que é a elaboração do projeto para monitorar aquela área e, ao longo desse monitoramento, devem ser apontadas as soluções mais viáveis para que sejam executadas. Uma outra fase que, de acordo com ela, deve ser constante e que serve para qualquer zona costeira, é o planejamento de políticas públicas que incluam nos orçamentos – municipais, estaduais e federais – o custo com a erosão costeira e as ações de prevenção.

UNIVERSIDADE E SOCIEDADE – Para o reitor Cândido Albuquerque, ao poder atender a uma demanda como a apresentada pelo deputado João Jaime, “a Universidade está cumprindo seu papel. No momento em que a comunidade tem um problema, precisa de uma resposta científica, a Universidade comparece para dar essa resposta após a realização de estudo”, afirmou.

Comentou ainda que “a comunidade de Jericoacoara está sofrendo com o grave problema da erosão e as soluções que estão sendo dadas lá não são as adequadas exatamente por falta de um estudo científico. Então o que se discutiu aqui com o deputado João Jaime foi exatamente isso: a academia dando a solução para o que a sociedade precisa. Esse é o papel da UFC e é isso que a comunidade espera da Universidade”.

Ao final da reunião, o deputado disse estar muito satisfeito com o que foi feito até agora: um estudo preliminar. “Com o cronograma que foi traçado, em 20 dias a gente tem um orçamento para fazer o estudo. E daqui a um ano, com esse estudo na mão, vamos buscar recursos e resolver o problema”, finalizou.

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