Desmatamento e (des)governo ameaçam a economia
Bill Udell, executivo da área de riscos, falou sobre a situação do país e das empresas que aqui atuam à Bárbara Nascimento, do Estadão. Disse que o ruído provocado pelo governo está no radar de muitas organizações. Não sei se as empresas já estão no ponto de tomar uma decisão econômica com a intenção de marcar uma posição. Mas há definitivamente uma percepção, na sociedade, de que as empresas se importam com a Amazônia de uma forma com a qual não se importam com outros assuntos. E acho que, se o risco continuar ou piorar, isso poderia gerar impactos negativos para a economia.
Para Míriam Leitão, dO Globo,
estamos na rota de uma tempestade perfeita. De um lado, um governo com
uma política ambiental desastrada e que, ainda por cima, destrata
governantes de países parceiros. De outro, a guerra comercial entre a
China e os EUA que parece empurrar a economia mundial para outra
recessão. Para se ter ideia do que já aconteceu: Os investidores
estrangeiros sacaram R$ 19,1 bilhões da bolsa brasileira este ano.
Somente em agosto foram R$ 8,7 bilhões (...) no meio desses tremores, o
governo brasileiro toma decisões erradas na área ambiental. O Brasil
ficará exposto nos próximos meses em eventos como o Sínodo da Amazônia, a
COP do Chile, o número oficial do desmatamento anual, PRODES, que o
INPE normalmente divulga entre outubro e novembro. E se o governo tentar
esconder será pior. A política ambiental alimenta o risco de barreira
ao produto brasileiro. Às crises externas podem se somar aos erros
cometidos pelo governo Bolsonaro. Essa é a tempestade que se forma.
Hélio Schwartsman, na Folha,
escreveu um artigo provocador, levando a sério a paranoia do Planalto
de que há países que querem comprar a Amazônia e imaginando que alguém
faça o negócio. A população local obteria cidadania de país rico e
experimentaria um longo ciclo de desenvolvimento. O resto dos
brasileiros receberíamos uma bolada pela cessão da "soberania", que
usaríamos com sabedoria, rasgando as amarras que ainda nos prendem ao
grupo das nações de renda média. Mais importante, o planeta seria
enormemente favorecido com a preservação total da floresta, que exerce
importante papel na regulação do regime de chuvas e do clima. Também
ganhariam espécies biológicas que ainda nem identificamos, mas já estão
sendo dizimadas com a derrubada de partes da floresta. Ele usa o
negócio para apontar que certos tipos de nacionalismo são puramente
patológicos.
O
governador do Pará, Helder Barbalho, manifestou sua preocupação com o
desmatamento e a ameaça de retaliação a produtos brasileiros. Segundo
Johanns Eller, da Época, ele reconhece o descontrole da situação e prevê consequências econômicas internas e externas se o quadro não for revertido.
Editorial do Valor
ecoa falas de gente do agronegócio preocupada com as repercussões
negativas do aumento do desmatamento e de atitudes do presidente, como
no caso do INPE. A ameaça de mudança de termômetro do desmatamento
apenas amplifica as desconfianças, pois os levantamentos disponíveis, do
INPE e de ONGs, apontam aumento da destruição ambiental. O governo não o
coíbe, não mostra preocupação, o que na prática é um incentivo velado
ao ataque ambiental.
Guga Chacra
postou, no seu Twitter, o seguinte recado: CEOs da Apple, JP Morgan,
Amazon, Walmart, Pepsi e de outras 200 das maiores empresas dos EUA
dizem que preocupação com o meio ambiente deve ser uma das prioridades
de suas companhias. No Brasil, talvez alguns os chamassem de
comunistas."
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