Dia dos Avós


Dimenstein: o texto mais lindo e emocionante para ler no dia de hoje

A escritora Rachel de Queiroz nos faz lembrar o que é verdadeiramente essencial na vida

Por: Gilberto Dimenstein |
Num momento de tanta intolerância, ódios e desafetos que estamos vivemos, eu resolvi mudar hoje de assunto e celebrar o Dia dos Avós.
Por mais que eu tente traduzir minha emoção de ser avô, jamais conseguiria, nem remotamente, superar esse texto da escritora Rachel de Queiroz.
O Dia dos Avós é comemorado no Brasil e em Portugal
Ela nos faz lembrar o que é verdadeiramente essencial na vida.

“O neto é, realmente, o sangue do seu sangue.

Com a idade chega a saudade de alguma coisa que você tinha e que lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Meu Deus, para onde foram as crianças? Transformaram-se naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações. Você não encontra de modo algum suas crianças perdidas.
São homens e mulheres, não são mais aqueles que você recorda.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe coloca nos braços um bebê. Completamente grátis.

Sem dores, sem choro, aquela criancinha da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade, longe de ser um estranho, é um filho seu que é devolvido.

E o espanto é que todos lhe reconhecem o direito de o amar com extravagância.

Tenho certeza de que a vida nos dá netos para compensar de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.

E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre o olho e diz:

“Vô!”, seu coração estala de felicidade, como pão no forno!”
Rachel de Queiroz


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